Muitas pessoas não conseguem passar o dia inteiro alertas, tentando manter-se acordadas, por exemplo, com café. Existem até culturas que oficializaram o horário da sesta após o almoço como parte do dia a dia, mas quando será que esse cansaço e sonolência durante o dia podem se tornar excessivos?
Primeiramente é importante reconhecer que a sonolência tem um impacto importante na saúde geral e no estado funcional do indivíduo, influenciando sua percepção em relação à própria energia ou fadiga, assim como sua percepção geral de saúde, de bem estar e de funcionalidade. Por isso, passar o dia sonolento pode ser danoso para o seu funcionamento ao longo do dia.
O que é sonolência diurna excessiva?
Alguns autores defendem que a sonolência diurna excessiva é um sintoma complexo e não um transtorno, definida como a incapacidade de se manter acordado e alerta durante os principais períodos de vigília do dia, resultando em sonolência e lapsos de sono não intencionais. Esses episódios podem acontecer durante as atividades diárias regulares, e podem ter risco em potencial quando o indivíduo dirige, opera máquinas ou veículos, o que pode trazer repercussões negativas sociais e interpessoais, profissionais e familiares, afetando diretamente a qualidade de vida desses indivíduos e também podem levar a quadros de insônia a noite, perpetuando o ciclo. A gravidade da sonolência diurna excessiva pode ir desde leve, manifesta por uma distração, até grave em que podem apresentar lapsos involuntários de sono, amnésia e comportamento automático.
A sonolência diurna excessiva afeta cerca de 20% da população. Essa parcela está mais exposta ao risco de acidentes de trânsito e de acidentes de trabalho, além de terem pior qualidade de saúde quando comparado com outros adultos. A causa mais comum da sonolência diurna excessiva é a privação do sono, a apneia obstrutiva do sono e as medicações sedativas, além de condições psiquiátricas e transtornos do sono como narcolepsia.
Quais as causas da sonolência diurna excessiva?
Atualmente a forma mais aceita para explicar a sonolência diurna seria através do conceito de “pressão para dormir”, que nesses indivíduos aumentaria durante o período de vigília e reduziria durante o sono.
Fatores comportamentais e ambientais também podem influenciar a sonolência, como as características gerais de postura, atividade e situação que facilitam o sono na maioria dos indivíduos.
Os principais fatores que contribuem para a sonolência diurna excessiva são:
- A quantidade e a qualidade do sono
- Horário de acordar
- Condições médicas ou neurológicas associadas ou um estado clínico geral que poderia ter impacto no sono
- Uso de substâncias psicoativas;
- Presença de hipersonia primária
- Epilepsia
- Depressão
- Ansiedade
- Higiene do sono inadequada
- Uso de drogas ou álcool
Sonolência diurna excessiva em adolescentes
Nas últimas décadas os estudos sobre sonolência diurna excessiva e adolescentes, uma das populações mais privadas de sono em função do atraso em seu relógio biológico para secretar melatonina e, portanto, iniciar o sono, tendo que cortar o sono para acordar cedo no outro dia e estar presente na escola. A adolescência é uma fase da vida marcada por mudanças biológicas, psíquicas e sociais importantes, na qual o ciclo vigília-sono se torna atrasado, o que pode prejudicar a adaptação social desses indivíduos.
Devido ao atraso em seu relógio biológico, os adolescentes acabam passando o dia sonolentos, e precisam brigar com seu relógio interno para conseguir realizar atividades extracurriculares ou mesmo curriculares. Muitos adolescentes acabam adormecendo durante as aulas, ou mesmo quando estão acordados não conseguem absorver a informação ensinada pelos professores. O aprendizado do adolescente com sonolência diurna excessiva decai e, em consequência, sua autoestima e as relações com os pais e professores.
Diagnóstico
O diagnóstico da sonolência diurna excessiva deve ser realizado por um profissional da medicina do sono, o qual inicia sua intervenção coletando a história clínica e o exame físico detalhados para a caracterização dos sintomas noturnos e das dificuldades para manter o alerta durante o dia. O profissional aborda a evolução temporal do quadro de sonolência e busca diferenciá-lo da fadiga através de questionamento direto ao paciente. O exame físico tem foco na avaliação da obesidade e da hipertensão arterial, frequentemente associadas a distúrbios respiratórios do sono.
Também podem ser utilizados questionários e escalas, ou seja, obter dados objetivos quando necessário, um exemplo é a Escala Epworth de Sonolência, um questionário que avalia a probabilidade de dormir diante de situações comuns do dia a dia como durante uma conversa ou parado no trânsito. Busca-se também avaliar condições clínicas básicas que podem estar causando a sonolência excessiva, como o hipotireoidismo e a anemia crônica.
Tratamento
As intervenções medicamentosas para a sonolência diurna excessiva utilizam estimulantes do sistema nervoso central, buscando promover vigília e alerta, as quais no entanto não substituem uma boa noite de sono.
A sonolência excessiva está associada a uma série de distúrbios psiquiátricos como, por exemplo, a depressão, que pode deixar o indivíduo com hipersonia, querendo dormir demais, permanecer na cama o dia inteiro. Por esse motivo, é importante que o tratamento da sonolência diurna excessiva seja multidisciplinar, e é indicado buscar tratamento psicoterapêutico para verificar o motivo psicológico dessa sonolência.
A partir da hipnoterapia, o indivíduo pode entrar em contato consigo mesmo, com seu inconsciente, e verificar as associações inconscientes que fez para desencadear um quadro como este. Através do insight, o indivíduo vai deixando de associar o sentimento com a sonolência, e passa a ter a oportunidade de elaborar seu sintoma dentro do setting terapêutico.
Portanto, fique atento: caso a sonolência durante o dia comece a se tornar excessiva e impedi-lo de realizar atividades diárias, procure um profissional da saúde que lhe proporcione autoconhecimento e verifique o que está acontecendo.
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Referências:
AMARO, J.M.R.S. & DUMITH, S.C. Sonolência diurna excessiva e qualidade de vida relacionada à saúde dos professores universitários. 2017
GIORELLI, A.S. et al. Sonolência excessiva diurna: aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos. Rev Bras Neurol. 2012;48(3).
PEREIRA, E.F. et al. Sonolência diurna excessiva em adolescentes: prevalência e fatores associados. Rev. Paul. Pediatr. 2010;28(1).
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