Muitas pessoas sofrem com problemas de sono, mas nem sempre recebem um diagnóstico porque não procuram ajuda médica. Você conhece o sonambulismo?
O que é sonambulismo?
O sonambulismo é caracterizado pelo comportamento estereotipado e caminhar noturno. Pode ser calmo (o que é mais comum) ou agitado (associado com o caminhar agitado, falar inteligível, reação agressiva quando constrangidos). O sonambulismo não é propriamente perigoso, mas é bom lembrar que a pessoa, em geral crianças, podem envolver-se em situações perigosas, como sair de casa ou subir em janelas ou sacadas.
Esse distúrbio se manifesta durante o estágio mais profundo do sono, o sono de ondas lentas ou não-REM. É considerado como uma parassonia, na qual a pessoa realiza atividades motoras sem ter consciência plena do que está fazendo, já que algumas funções cerebrais continuam adormecidas e ela permanece em um estado de transição entre o sono e a vigília. Por esse motivo, os sonâmbulos não lembram na manhã seguinte o que aconteceu durante a noite (apresentando uma amnésia parcial ou total).
Os episódios de sonambulismo ocorrem geralmente uma ou duas horas depois de a pessoa adormecer e terminam quando ela acorda ou volta para a cama para continuar o sono. Embora os casos sejam mais comuns na infância, adolescentes, adultos e idosos também podem ser afetados por esse distúrbio do sono.
Sintomas do sonambulismo
Esse transtorno do sono constitui-se basicamente de andar (ambular) dormindo, quase sempre de olhos abertos mas vazios, sem expressão. Durante os episódios a pessoa pode sentar-se na cama, arrumar as cobertas, andar pela casa, falar sem nexo, mudar de roupa, abrir e fechar portas e janelas ou ir ao banheiro, por exemplo. Levantar para comer sem despertar também é um sintoma comum do sonambulismo. Pessoas que convivem com pessoas sonâmbulas podem ler a presença de uma crise através da linguagem corporal ou falada.
Esses indivíduos tendem a repetir ações rotineiras, estereotipadas, sem a interferência direta do cérebro, o que pode resultar em acidentes. Por isso, não é raro a pessoa cair ou ferir-se com a faca que usou para cortar um alimento durante uma crise de sonambulismo.
Casos em que o sonâmbulo sai de casa, caminha pelas ruas e dirige automóveis são menos comuns, no entanto, ao acordar o indivíduo se mostra desorientado por algum tempo, já que está em sono profundo, podendo reagir com agressividade num primeiro momento.
Curiosamente, a pessoa pode perambular pela casa a noite toda e no dia seguinte não apresentar sinais de cansaço ou sonolência.
Cerca de 15 a 30% das crianças têm histórico de pelo menos 1 episódio de sonambulismo, enquanto que 3 a 4% desenvolvem episódios repetitivos. Na maioria dos casos, desenvolve o transtorno por volta dos 5 anos, com pico de ocorrência durante a adolescência. Nos adultos é relatada a prevalência de 1%, sendo incomum após a sexta década de vida.
Causas do sonambulismo
As causas do sonambulismo ainda não estão claras. O que se sabe é que o transtorno é mais comum no sexo masculino e que alguns fatores de risco podem aumentar o risco de desenvolver o transtorno. Dentre eles, o componente genético, pois vários casos ocorrem em membros da mesma família.
Quando incidente na infância, o transtorno pode estar relacionado com o processo de amadurecimento do cérebro e costuma desaparecer com o crescimento, sem deixar vestígios. Já nos adultos, em geral, as crises se repetem ao longo dos anos e são desencadeados, na maior parte das vezes, por níveis altos de estresse físico e mental.
Outros fatores como privação de sono, noites mal dormidas, distúrbios psiquiátricos como a ansiedade e a depressão, transtornos respiratórios como a apneia do sono e a asma, febre, consumo de álcool e outras drogas, medicamentos que interferem nos mecanismos do sono, bexiga cheia, ruídos e temperatura desagradável podem desencadear crises de sonambulismo.
Diagnóstico
Para que sejam diagnosticados, esses indivíduos precisam buscar um profissional da saúde especializado em sono, o qual leva em conta o relato dos pacientes e das pessoas com quem eles convivem, somados à polissonografia, um exame que registra as reações do organismo durante o sono, e da eletroencefalografia para respaldar o diagnóstico da observação clínica.
Tratamento
O sonambulismo pode aparecer espontaneamente e o tratamento só se torna necessário quando os episódios são frequentes e podem oferecer risco de acidentes ou constrangimento para o indivíduo. Nesses casos tem se mostrado eficaz utilizar medicamentos que combatem os estados de tensão e ansiedade, e atuam no padrão de sono como os benzodiazepínicos e alguns antidepressivos. Além disso, técnicas de relaxamento como o aprofundamento do estado de transe na hipnoterapia e psicoterapia são indicados para controlar os sintomas do distúrbio, que ainda não apresenta cura comprovada.
Quando o sonambulismo é resultado ou está associado a outras doenças como a apneia do sono, o refluxo gastroesofágico e febre, precisam ser tratados como enfermidades de base, em conjunto com o sonambulismo para surtirem efeito.
Recomendações para pessoas com sonambulismo
O convívio com pessoas sonâmbulas pode ser um desafio e exige alguns cuidados especiais para melhorar sua qualidade de vida e prevenir acidentes. Veja só:
- Cuidados com o ambiente: tranque portas e janelas, e retire as chaves das fechaduras; coloque telas ou grades de proteção nas janelas; bloqueie o acesso às escadas; não permita que o sonâmbulo durma na parte superior das beliches; guarde facas e tesouras em locais de difícil acesso; retire das passagens os móveis e objetos nos quais a pessoa possa vir a tropeçar.
- Não ingerir bebidas alcoólicas;
- Evitar atividades próximas da hora de dormir que mantenham o indivíduo em estado de alerta;
- Evitar exposição à luz de aparelhos eletrônicos como celulares, computadores e televisões;
- Cultivar hábitos saudáveis de vida como a alimentação balanceada e a prática regular de atividade física para combate o estresse responsável pelas crises de sonambulismo;
- Respeito o ciclo de sono e vigília, ou seja, estimule o paciente a ir para a cama sempre no mesmo horário, todos os dias da semana, inclusive nos finais de semana.
- Não se automedique, alguns medicamentos ao invés de ajudar podem atrapalhar ainda mais a qualidade do sono.
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Referências:
BHARADWAJ, R. & KUMAR, S. Somnambulism: diagnosis and treatment. Indian J Psychiatry. 2007;49(2).
NUNES, M.L. Distúrbios do sono. J Pediatr. 2002;78(1).
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