Cada vez mais vivenciamos situações extremas e desastres no mundo atual, devido à intervenção do homem na natureza de forma desenfreada. Você conhece as possíveis intervenções da psicologia nesses casos? Vem dar uma olhada!
Desastres naturais
Nos últimos anos, vem se observando uma série de desastres naturais em nível mundial, deixando, assim, a percepção de que esses eventos parecem ser cada vez mais frequentes e mais devastadores.
Desastres no Brasil
O Brasil não é considerado um país que possui potencial para grandes desastres e catástrofes precipitadas pela natureza como furacões, terremotos ou tornados, diferente da realidade de outras nações, que se obrigam a ter programas sólidos de prevenção e de atuação antes, durante e depois do ocorrido. Por este privilégio que o país possui, de não estar no centro de acontecimentos como os citados, cria-se, muitas vezes, a falsa sensação de estar livre desses abalos.
Tipos de tragédias
No entanto, a lista de tragédias coletivas não se resume aos grandes desastres naturais, ainda que estes tomem uma grande proporção pela velocidade em que as informações são passadas hoje, podendo comover qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, sem que esta possua envolvimento direto com a população atingida. Infelizmente, situações de emergências e acidentes também fazem parte de um grupo de acontecimentos que são geradores de crise e que podem golpear com intensa violência um grupo de pessoas, uma comunidade, um sistema ou uma nação, reduzindo significativamente sua qualidade de vida.
Ainda existe uma diferenciação quanto aos recursos que cada evento exige, diferenciando-se assim a gravidade destes. Veja os tipos de tragédias:
- Emergências: as emergências seriam situações que poderiam ser resolvidas com serviços assistenciais locais, tanto de médicos como de resgate.
- Desastres: os desastres exigem maior infraestrutura para prestar ajuda aos feridos que se encontram em maior quantidade, bem como já existe um grau de destruição em uma área maior, levando também a um custo socioeconômico mais elevado.
- Catástrofes: por fim, as catástrofes, consideradas os eventos mais graves nesta escala, tratam-se de um desastre massivo, que irá acionar mais recursos humanos e materiais em um esforço coordenado para sanar as necessidades das pessoas envolvidas.
O contexto dos desastres
Os desastres não ocorrem em um vazio social, mas estão inseridos nas estruturas sociais existentes, e quando ocorrem geram comportamentos vinculados a estas estruturas anteriores. Sabe-se, por exemplo, que em situações de desastres físicos, como desmoronamentos, explosões ou terremotos, existem certos padrões de comportamentos que podem ser identificados e que determinam uma melhor ou pior atuação para a solução
imediata do problema.
Eventos desencadeadores de estresse
Situações de desastres, catástrofes, emergências ou acidentes podem ser classificados como eventos desencadeadores de estresse, por seu caráter imprevisível e pelo perigo imediato que representam à integridade física e emocional das pessoas envolvidas, requerendo, desta forma, ações imediatas. Todos são fontes de destruição em graus diferentes e causam danos materiais e humanos em diferentes proporções. São tragédias que deflagram a fragilidade do ser humano e, muitas vezes, ocasionam um grande desamparo associado a traumas mais ou menos permanentes para sobreviventes e familiares que perderam seu ente querido, sejam elas provocadas pela natureza ou por pessoas.
A psicologia dos desastres e das emergências
A necessidade da psicologia em situações de emergências e desastres está intimamente relacionada, com a descoberta de que pessoas podem manifestar, individualmente ou coletivamente, alterações psicológicas, em decorrência do trauma, físico e/ou emocional, produzido por um evento externo.
A saúde mental de pessoas que passaram por eventos de desastres é fortemente abalada, podendo desenvolver manifestações de estresse agudo, estresse pós-traumático, luto complicado, quadros depressivos, comportamento suicida, condutas violentas, consumo indevido de substâncias psicoativas, entre outros.Mais recente ainda é o conhecimento de que quaisquer manifestações, patológicas ou não, serão mediadas por diversos fatores, entre eles a própria natureza do evento, as características de personalidade e a vulnerabilidade individual e social dos sobreviventes.
Intervenção em situações trágicas
A intervenção em situações trágicas busca por auxiliar o sujeito (vítimas e/ou intervencionistas) em sua reorganização psíquica e social, com o intuito de minimizar possíveis agravos da saúde física e emocional e aumentar a resiliência frente ao acontecimento. Para isso, se utiliza da ideia que pessoas que sofrem um abalo em sua estrutura, ocasionado por um evento interno ou externo, entram em uma situação denominada crise que é um estado temporal de transtorno e desorganização, caracterizado principalmente por uma incapacidade do indivíduo para manejar situações particulares utilizando métodos comumente conhecidos para a solução de problemas, e pelo potencial para obter um resultado radicalmente positivo ou negativo.
Objetivo da intervenção em crise
A intervenção em crise é um procedimento para exercer influência no funcionamento psicológico do indivíduo durante o período de desequilíbrio, aliviando o impacto direto do evento traumático. O objetivo é ajudar a acionar a parte saudável preservada da pessoa, assim como seus recursos sociais, enfrentando de maneira adaptativa os efeitos do estresse. Nessa oportunidade, devem-se facilitar as condições necessárias para que se estabeleça na pessoa, por sua própria ação, um novo modo de funcionamento psicológico, interpessoal e social, diante da nova situação.
Tem como metas proporcionar apoio, reduzir o perigo de morte e auxiliar a pessoa com as fontes de ajuda disponíveis. A proposta deste tipo de intervenção é ainda recomendada por importantes organismos como a Organização Mundial da Saúde - WHO e por grupos de peritos internacionais. Sendo assim, a psicologia dos desastres e das emergências é um importante campo de estudo e intervenção em momentos de extrema dificuldade e fragilidade.
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Referências:
ALBUQUERQUE, F.J.B. A psicologia social dos desastres: existe um lugar para ela no Brasil? In ZANELLA, A.V. et al. Psicologia e práticas sociais. Centro Edelstein de Pesquisas Sociais. 2008.
MELO, C.A. & SANTOS, F.A. As contribuições da psicologia nas emergências e desastres. Psicol. info. 2011;15(15).
PARANHOS, M.E. & WERLANG, B.S.G. Psicologia nas emergências: uma nova prática a ser discutida. Psicol. cienc. prof. 2015;35(2).
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