O corpo feminino é um dos mais cultuados pela mídia e pelas marcas de moda em geral. Mas será que esse uso do corpo feminino é algo saudável?
Histórico
Até meados do século 19 a vida da mulher era administrada conforme os interesses masculinos, envolta em uma aura de castidade e de resignação, pois devia procriar e obedecer às ordens do pai e do marido.
O sofrimento histórico das mulheres com a naturalização e perpetuação de uma imagem inferiorizada, deriva de uma condição assimétrica em relação ao homem, o qual goza dos privilégios da sociedade patriarcal. A típica imagem da mulher antiga, à qual cabe o cuidado da família e do lar, são demonstrações dessa disparidade entre mulheres e homens.
Ao longo do tempo, com a instauração da propriedade privada, a mulher passou a perder sua autonomia e lhe foi exigido uma função familiar: casar, gerar filhos, cuidar da casa, do marido e da prole, como que se tornando uma “extensão” do homem.
É preciso entender que a inferiorização da mulher se dá em relações sociais específicas, as relações sociais de sexo, ou seja, permeadas de conflitos e antagonismos entre as classes.
A instauração de uma sociedade patriarcal foi e continua sendo fundamental para a manutenção desse modo de produção e tem como grave consequência a coisificação ou objetificação da mulher, muitas vezes submetidas às vontades do patriarcado, “feitas” para satisfazer seus prazeres e cuidar de seus filhos, o que dificulta o desenvolvimento social, econômico, político e cultural das mulheres.
O que é a objetificação da mulher?
A objetificação da mulher ou objetificação sexual diz respeito ao ato de tratar uma pessoa como mero instrumento de prazer, ao modo de um objeto de consumo, sem dar importância à sua personalidade ou dignidade.
O ideal de corpo exigido pela sociedade leva a mulher a uma insatisfação crônica com seu corpo, se odiando por ter alguns quilos a mais e adotando medidas radicais para corresponder ao modelo cultural.
A sexualidade feminina é superexplorada e garante bilhões à indústria do entretenimento, que abusa da imagem da mulher enquanto símbolo sexual. A indústria pornográfica leva ao extremo a ideia de coisificação da mulher, ao explorar o sexo de forma desumana, na qual a mulher fica à mercê de todo tipo de violências e humilhações, muitas vezes com um sorriso no rosto.
Objetificação e mídias sociais
A mídia não é o único, mas é um instrumento privilegiado para cumprir o papel de objetificação da mulher, assim como a família, a religião e outros.
A cobrança pelo corpo perfeito é um importante fato para o aprisionamento objetivo e subjetivo de mulheres, uma das formas de repressão e opressão mais difíceis de identificar e se libertar. Uma série de problemas decorrem da padronização da beleza, cujos prejuízos tomam proporções físicas e psicológicas, nas quais a mulher se vê na obrigação de estar enquadrada a determinado tipo de corpo, de cabelo, em que até mesmo algo inevitável e comum a todos como envelhecer lhes é negado. A ideia de que a beleza está intrinsecamente ligada à felicidade causa o sofrimento de muitas mulheres, que fazem de tudo para alcançar essa falsa felicidade vendida.
A constante vigilância sobre o corpo e a cobrança pela imagem perfeita começam desde a infância, mas é a partir da adolescência que começam a pesar sobre as meninas, que buscam ser a menina “ideal”, branca, magra, cabelos lisos, roupas do mesmo estilo e assim por diante, fazendo com que as meninas se sintam desconfortáveis diante de sua própria imagem e busquem meios para se “ajustar” ao que lhes é imposto.
Isso piora com a comparação e disputas nas redes sociais, principalmente na idade adulta, quando surgem as rugas, o corpo mostra a idade, já não são magras e jovens, nem tem mais o cabelo impecável e a maquiagem perfeita como tentam aparentar.
Objetificação da mulher e relacionamentos
Uma ideia comum e aceitável, refletida em propagandas e comerciais, é de que é tolerável para homens colecionarem mulheres, enquanto que para mulheres o relacionamento com vários homens não é tolerado. Muitas propagandas associam a imagem da mulher à produtos de limpeza, partindo do princípio de que estas assumem o trabalho doméstico e não seus parceiros.
Movimento feminista
Muitas lutas e reivindicações por igualdade de direitos foram realizados pelo movimento feminista, para que a mulher conquiste seu espaço na sociedade, adquira seu direito ao voto e de trabalhar fora do lar. Com o surgimento do capitalismo, a mulher passou a ter não apenas funções reprodutoras, mas assumiu também tarefas de força de trabalho como resultado do maior espaço conquistado na sociedade.
Problemas da objetificação da mulher
A excessiva valorização da beleza da mulher pode contribuir para o desenvolvimento de diversos transtornos, como distúrbios alimentares, exercícios físicos, depressão, ansiedade, insônia, melancolia entre outros, e agrega seu bem estar diretamente à forma de lidar com as exigências da sociedade. A mulher objetificada também pode apresentar alterações de humor, isolamento social, retraimento entre outros.
Como intervir?
É preciso conhecer como as mulheres constroem relações com o outro, mas também com o próprio corpo e com a sexualidade através do autoconhecimento, para que os profissionais da saúde e assistência social possam contribuir para o fortalecimento subjetivo e objetivo das mulheres, possibilitando a construção conjunta de ferramentas para identificar e enfrentar situações de violência.
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Referências:
BORIS, G.D.J.B. & CESÍDIO, M.H. Mulher, corpo e subjetividade: uma análise desde o patriarcado à contemporaneidade. Rev. Mal-Estar Subj. 2007;7(2).
ROSSI, T.C. Feminilidade e suas imagens em mídias digitais: questões para pensar gênero e visualidade no século XXI. Tempo Social. 29(1).
SOUSA, M.O. & SIRELLI, P.M. Nem santa, nem pecadora: novas roupas, velhas dicotomias na coisificação da mulher. Serv. Soc. Soc. 2018;132.
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