Algumas formas de alimentação vão além do bem estar do ser humano em si, para englobar todo um bem estar aos animais e ao planeta. Você conhece o veganismo? Vem ver mais sobre esse movimento!
O consumo de carne
Nas sociedades ocidentais, o consumo de carne ao longo dos últimos séculos tem sido vista como indicador de riqueza, sendo avaliado como o motor de certa vitalidade individual e social. No entanto, movimentos observam que a institucionalização da carne tem trazido uma série de males sanitários e ambientais concernentes aos países desenvolvidos.
A ética vegetariana
Estudos indicam que a ética vegetariana ressurgiu nos anos 1970-80 na Inglaterra e nos Estados Unidos, seguido de um conjunto de países ditos desenvolvidos. Desse movimento surge um modo de vida, a priori inédito, chamado veganismo, uma espécie de alternativa ao consumismo, tentando renegociar nossa alimentação sob o prisma da valorização da sanidade dos corpos e espíritos. Assim, esse modo de vida se apoia em um conjunto de normas e valores particulares, de representações coletivas de um sistema complexo e ao mesmo tempo ideológico e prático, excluindo todos os produtos de origem animal.
O que é o veganismo?
De acordo com a Vegan Society, o veganismo é um estilo de vida que procura excluir, na medida do possível e do realizável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais, quer para a alimentação, vestimenta ou com qualquer outra finalidade e indica as características relativas a todos os indivíduos que reivindicam a doutrina: um vegano é alguém que tenta viver sem explorar os animais, para o bem-estar dos animais, dos humanos e do planeta. Especificamente, os veganos excluem todos os produtos de origem animal da alimentação (carne, leite, ovos ou mel, entre outros). Eles também evitam vestir-se de couro, lã, seda e quaisquer outros afins”
Em sua origem, o veganismo como modo de vida ideal, que integra todas as normas de valores relativos ao fenômeno de libertação animal, era contracultural e confrontava a ordem simbólica dominante.
Assim, o veganismo identifica a carne como o marcador flagrante de uma dominação não justificada e injustificável dos homens sobre os animais, espécie de atavismo alimentar, comportamental e moral. Embora atualmente prevalece a imagem difusa do veganismo como regime alimentar devido ao marketing, ele é mais do que um estilo de alimentação, é um estilo de vida.
A sociedade carnívora
A ideia moderna acerca do mito das origens do homem fez da depredação, da domesticação animal e da carne os elementos constitutivos da evolução humana, resultando o que somos hoje. Ao longo da história ocidental, a carne é considerada uma iguaria, evocando o sucesso social e riqueza pessoal dos que a consomem. A partir da Revolução Industrial, a carne entrou na dinâmica produtivista e consumista do sistema capitalista. Devido a certa democratização, infiltrou-se gradativamente nos regimes alimentares de todas as classes sociais, em especial com o advento da comunicação de massa e da sociedade de consumo. A carne, então, torna-se vulgar, ou seja, comum e disponível a todos. É necessário compreender que a carne – alimento-totem e marcador social de riqueza – é ao mesmo tempo um símbolo ostensivo do progresso (desde as origens até a modernidade) e um símbolo da parte animal que persiste em nós. Atualmente, essa contradição é objeto de uma clivagem cultural, de um verdadeiro conflito de valores, tanto considerada indispensável ao bem-estar individual e social (progresso) quanto fustigada como a causa de nossos problemas individuais e sociais (animalidade e selvageria).
A sociedade compassiva
Após os anos 70, novos órgãos de defesa da causa animal surgem e se munem de uma linguagem relativa à autorreflexão. Em meados do século 19, a concepção dos direitos animais eclodiu na Inglaterra e surgiram grupos de filósofos que introduziram o tempo “especismo”, que se relaciona à ideia de que a discriminação contra “indivíduos” com base em sua espécie também é injusta e inaceitável, como a discriminação que se baseia em noções de raça ou de gênero. O fenômeno de libertação animal, assim, não só adquire uma linguagem, mas também uma ideologia racionalista e objetivista que contribui para essa vontade de instaurar um “deve ser” capaz de suplantar “aquilo que é”.
Libertação animal
A questão da libertação animal é representada por diversos autores, dentre eles Henry Salt, um dos principais fundadores da doutrina dos direitos dos animais, onde postula que “todas as vidas valem ser vividas”. Trata-se, por exemplo, de denunciar a condição de vida dos gansos forçados à engorda, dos animais voltados às experiências de medicamentos e de cosméticos e, em geral, de todos os animais que são criados para morrer. Em outras palavras, portanto, determinar a vida ou a morte, como no caso dos gansos, de animais destinados à experimentação e à alimentação, o que, de modo geral, se passa com todos os animais levados, por fim, à morte.
Ou seja, é uma denúncia de toda a exploração dos animais, sendo a carne considerada um estigma que vem sujar o dito progresso e os mesmos princípios de humanidade, questionando-se a motivação por trás de tal exploração.
Ideologia dos direitos animais
De acordo com a ideologia dos direitos animais, o homem atual deve sair da vulgaridade “bestial” (comportamentos anacrônicos) arrepender-se de todos os horrores infligidos aos animais, que são vistos como “irmãos não humanos”, iniciando pela recusa do consumo de carne.
Sem crueldade
A primeira obra escrita que menciona a possibilidade concreta de não se alimentar mais de quaisquer produtos de origem animal surgiu em 1910, no livro Animal Food, de Ruppert Wheldon. O termo vegan foi concebido, em 1944, a partir das primeiras e últimas letras do vegetariano, pelos fundadores da Sociedade Vegana, Donald Watson (diretor de The Vegan News) e Elsie Shrigley, os quais se recusaram, por parte da Sociedade Vegetariana, a promover um modo de vida com produtos lácteos.
Assim, o veganismo procura interrelacionar-se com o planeta e com os animais de forma saudável, conscientes de seu impacto ambiental e biopsicossocial, na busca por uma maior qualidade de vida.
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Referências
CELKA, M. Carne, consumo e abolição: incompatibilidades nas relações com a carne. EDUERJ; 2016(5).
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