Existem diversos tipos de ferramentas para a promoção da saúde mental em indivíduos e grupos. Você conhece a terapia comunitária integrativa? Então vem dar uma olhada!
O que é terapia comunitária integrativa?
A terapia comunitária integrativa ou apenas terapia comunitária é um espaço de acolhimento para partilha de sofrimentos e sabedoria de vida, que ocorre de maneira circular e horizontal. Constitui um espaço de escuta, reflexão e troca de experiências, criando uma teia de relação social entre os participantes, na busca de soluções para os conflitos pessoais e familiares.
Como surgiu a terapia comunitária integrativa?
A terapia comunitária foi desenvolvida no Brasil a partir de 1987 na comunidade de Pirambu, em Fortaleza, no Ceará, pelo professor Dr. Adalberto Barreto, então docente do Curso de Medicina Social da Universidade Federal do Ceará, psiquiatra, teólogo e antropólogo, visando atender às necessidades de saúde de tal comunidade.
Benefícios da terapia comunitária integrativa
A terapia comunitária integrativa beneficia as relações interpessoais, a formação de redes
sociais solidárias e a utilização da cultura popular como subsídio para soluções de problemas vividos pela comunidade.
Uma tecnologia de cuidado que tem dado respostas satisfatórias aos que dela se beneficiam, a terapia comunitária tem sido um instrumento de trabalho utilizado por diversos profissionais da saúde.
Pilares da terapia comunitária integrativa
A terapia comunitária integrativa é fundamentada em cinco pilares teóricos:
- Pensamento sistêmico;
- Teoria da comunicação;
- Antropologia cultural;
- Pedagogia de Paulo Freire e
- Resiliência.
A pedagogia de Paulo Freire é um eixo norteador da terapia comunitária integrativa, partindo do princípio de que todas as pessoas têm conteúdos e experiências a trocar, aprendendo e ensinando em sinergia constante. Essa ideia trabalha na perspectiva de que a educação funciona como uma prática libertadora, utilizando-se da opressão e da fragilidade dos indivíduos para estimular a reflexão, o comprometimento e o interesse na luta por sua libertação e na práxis que pressupõe a ação e a reflexão das pessoas a fim de que possam intervir no mundo, modificando-o.
Terapia comunitária e idosos
O Programa Saúde da Família do estado da Paraíba, Brasil, é um exemplo que tem desenvolvido grupos que possam melhorar os vínculos sociais entre equipe e moradores, para ajudar a entender as principais preocupações relacionadas à saúde, conflitos familiares e emocionais. Assim, a proposta é auxiliar a comunidade no enfrentamento das preocupações do dia a dia.
A importância da terapia comunitária para esses idosos é permitir que os profissionais da saúde mental e biopsicossocial compreendam melhor as preocupações e dificuldades desta comunidade para, então, direcionar suas condutas terapêuticas de melhoria de qualidade de vida da população idosa.
Como é a roda da terapia comunitária integrativa?
Na roda de conversa da terapia comunitária integrativa, as pessoas se encontram, sentam-se lado a lado, compondo uma roda, com o intuito de compartilhar inquietações, problemas ou dificuldades do cotidiano (individuais ou coletivas), bem como alegrias e histórias de superação.
Nesta roda, a partir do compartilhamento de informações, saberes e histórias, desencadeiam-se oportunidades de crescimento pessoal, através da valorização dos saberes de cada indivíduo e sua competência para superação dos desafios diários. Assim, os indivíduos participam de forma ativa na discussão de diversos temas e também livres, procurando ausentar o julgamento.
Quais as regras da terapia comunitária integrativa?
As regras são muito importantes nas rodas de conversa de terapia comunitária e devem ser acordadas com todos os participantes para o melhor desenvolvimento da roda. Dentre elas, podemos citar:
- Fazer silêncio para poder ouvir quem está falando;
- Falar da própria experiência, usando a primeira pessoa do singular – eu;
- Não dar conselhos, não fazer discursos ou sermões;
- Oferecer ao grupo músicas, piadas, provérbios ou poesias relacionadas ao tema sendo discutido.
Podem ser utilizadas durante o acolhimento, atividades de aquecimento tais como danças, brincadeiras e música para que as pessoas se descontraem. Ao escolher o tema, o terapeuta pode convidar os participantes a falarem de maneira resumida suas angústias, problemas e inquietações, salientando a importância de falar para não adoecer, o que reforça a resiliência dos participantes.
O terapeuta pode perguntar aos demais participantes se estes se identificaram com os temas trazidos e por quê. Também podem ser realizadas votações para os temas que forem trazidos ao grupo. Alguns participantes podem buscar contextualizar o que foi ouvido, fazendo perguntas para ficar mais clara a essência do problema ou a emoção envolvida.
O papel do terapeuta
Durante a roda de conversa da terapia comunitária integrativa, o terapeuta deve estar atento ao que é trazido e ir coletando palavras-chave dos relatos para a construção de momentos de escuta específicos para serem discutidos no grupo.
O encerramento é um importante momento conduzido pelo terapeuta, onde as pessoas são chamadas à uma conclusão do que foi positivo e enriquecedor ao ouvir a história de vida da outra pessoa, o que foi aprendido ou o que emocionou a cada um. Por fim, as rodas de conversa terminam com despedidas, geralmente abraços entre os participantes, etapa que encaminha para o processo de reflexão posterior à participação.
Assim, a terapia integrativa comunitária é uma excelente forma de promover saúde mental em grupos, atender demandas maiores em comunidades específicas e valorizar a sabedoria de vida de cada indivíduo, como válido para contribuir.
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Referências:
CARVALHO, M.A.P. et al. Contribuições da terapia comunitária integrativa para usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): do isolamento à sociabilidade libertadora. Cad. Saúde Pública. 2013;29(10).
GAETE, A.E.G. & GOIS, M.J.S.M. A terapia comunitária integrativa na abordagem da saúde mental na atenção primária: um relato de experiência. Temas em Educ. e Saúde. 2020;16(1).
LUCIETTO, G.C. et al. Terapia comunitária integrativa: construção da autonomia de família de crianças renais. Rev. Aten. Saúde. 2018;16(58).
ROCHA, I.A. et al. A terapia comunitária como um novo instrumento de cuidado para saúde mental do idoso. Rev Bras Enferm. 2009;62(5).
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