Os traços de personalidade são expressos por padrões persistentes de perceber o mundo, pensar sobre si mesmo ou sobre o ambiente. Quando esses traços se mostram inflexíveis e desadaptativos para a cultura do sujeito, causam mal estar subjetivo ou prejuízo funcional importante o suficiente para se caracterizar um transtorno de personalidade.
Desenvolvimento infantil
Pesquisas recentes têm apontado nas experiências infantis a presença de fatores de risco elevados para o desenvolvimento de quadros psicopatológicos. Diversos estudos confirmam que crianças e jovens submetidos a experiências traumáticas, tais como abusos físicos e psicológicos, negligência, doença mental parental, punição excessiva e agressiva, seriam em potencial, mais vulneráveis à presença de traços ou sintomas de transtornos de personalidade. Estes, depois de cristalizados, associam-se fortemente à violência, abuso de drogas, tentativas de suicídio, comportamentos destrutivos e criminosos, institucionalização, prejuízo global no rendimento e desorganização familiar.
O que é a psicopatia?
Por vezes os termos psicopatia, personalidade antissocial e sociopatia são usados como equivalentes. É uma confusão compreensível, uma vez que a história desses conceitos estão relacionados. No entanto, a psicopatia é um estado mental patológico caracterizado por desvios, principalmente de caráter, que desencadeiam comportamentos antissociais, um desvio de caráter que costuma ir se estruturando desde a infância.
Por isso, alguns dos sintomas já podem ser observados na adolescência, como comportamentos agressivos e transtornos de conduta. A prevalência é maior em homens do que em mulheres.
A psicopatia é um transtorno que tende a se cronificar e causar prejuízos na vida do próprio indivíduo e de quem convive com ele, e até mesmo na sociedade. É um transtorno de personalidade que só pode ser diagnosticado a partir dos dezoito anos de idade.
As características que definem o perfil psicopata são:
- charme superficial
- boa inteligência
- ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional
- ausência de nervosismos e de manifestações psiconeuróticas
- falta de sinceridade
- falta de remorso ou pudor
- tentativas de suicídio
- comportamento antissocial inadequadamente motivado
- capacidade de insight
- julgamento fraco
- incapacidade de aprender com a experiência
- egocentrismo patológico
- incapacidade de sentir amor ou afeição
- vida sexual impessoal ou pobremente integrada
- incapacidade de seguir algum plano de vida
- escassez de relações afetivas importantes
- comportamento inconveniente ou extravagante
- insensibilidade geral a relacionamentos
- impulsividade
O transtorno pode ser de origem hereditária, um traço de personalidade ou até mesmo adquirida por lesões no sistema nervoso central (SNC). Já os psicopatas com deficiência empática são desprovidos de emoção, não conseguem perceber a emoção no outro, o que faz com que não ponderem sobre os efeitos de suas atitudes. São indivíduos frios, cujo bom senso e a afetividade pouco elaborada, possuem bom autocontrole e não se sentem ansiosos em situações de risco e não existe uma recompensa positiva em seus comportamentos.
Comportamentos antissociais
A psicopatia consiste em um transtorno de personalidade que envolve tanto características comportamentais desviantes, quanto aspectos afetivos e relacionais, cujas origens e desenvolvimento ainda são pouco conhecidos.
Os problemas de externalização do comportamento antisocial são apontados como os que mais apresentam prevalência na infância entre os meninos, maior estabilidade ao longo do tempo e maior probabilidade de evoluírem para quadros clínicos mais graves na adolescência e na vida adulta, se comparados aos problemas de internalização. É possível que as características típicas desses comportamentos antissociais variem de acordo com a idade em que se iniciam.
Pode-se dividir dois grupos antissociais: um grupo com padrão de comportamento antissocial persistente ao longo da vida e outro limitado à adolescência.
Os comportamentos antissociais podem ser caracterizados como:
1. Um estilo interpessoal enganador e arrogante, incluindo desinibição ou charme superficial, egocentrismo ou um senso grandioso de autoestima; mentira, trapaça,
manipulação e enganação.
2. Experiência afetiva deficiente, com pouca capacidade de sentir remorso, culpa e empatia; uma consciência fraca, insensibilidade, afeto superficial e falha em aceitar responsabilidade pelas ações (utilizando-se de negação, desculpas, etc.).
3. Um estilo de comportamento impulsivo ou irresponsável, incluindo tédio, busca contínua por emoção, falta de metas em longo prazo, impulsividade, falha em pensar antes de agir e um estilo de vida parasita (tais como, dívidas, hábitos de trabalho insatisfatórios).
Características e perfil
Embora essas sejam as características gerais do perfil psicopata, nem sempre elas estão evidentes ou se mostram claramente na manifestação do indivíduo, os quais em geral tem um comportamento normal, demonstrando serem pessoas agradáveis e de bom convívio social, o que dificulta a sua identificação e facilita o acesso às suas vítimas.
Os psicopatas são atores da vida real, pois tem o dom de fazer com que as pessoas acreditem neles e se sintam responsáveis para ajudá-los. Se aproveitam das fraquezas humanas, tornando-se fácil enganar outras pessoas.
Tratabilidade da psicopatia
A discussão em relação à possibilidade da tratabilidade da psicopatia ainda é um assunto complexo uma vez que quase não existem pesquisas a respeito. Indivíduos psicopatas possuem características comportamentais que lhe são próprias, o que os diferencia de outros sujeitos. Devido a esse comportamento antissocial, os quais por vezes os leva a prática de condutas criminosas, acabam se envolvendo em processos criminais. Dessa forma, existe o tratamento não penal para o psicopata, que consiste na tentativa de inviabilização da expansão dos sintomas, embora psicopatas possuam elevada taxa de reincidência na prática de crimes. O tratamento visa promover a sensação de saciedade, inibição do comportamento violento, bem como a capacidade de respeitar os sentimentos e direitos do próximo. O tratamento é proativo, onde a consolidação das mudanças se dá pelo constante monitoramento dos pensamentos, emoções e comportamentos.
Já o tratamento penal para o psicopata quando há o cometimento de um delito, é imprescindível a realização de devido exame pericial para comprovação do transtorno.
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Referências:
DAVOGLIO, T.R. et al. Personalidade e psicopatia: implicações diagnósticas na infância e adolescência. Estudos de Psicologia. 2012;17(3).
FILHO, N.H. et al. Psicopatia: o constructo e sua avaliação. Aval. psicol. 2009;8(3).
GOMES, C.C. & ALMEIDA, R.M.M. Psicopatia em homens e mulheres. Arq. bras. psicol. 2010;62(1).
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