O que é o desejo em psicanálise?

27/09/2021 às 20:37 Hipnose

O que é o desejo em psicanálise?

Um dos conceitos mais citados em psicanálise, você conhece o significado de desejo? Então vem dar uma olhada com a gente!

O que é o desejo?

Na cultura psicanalítica, literária e filosófica de língua francesa, o termo désir (desejo) ou no alemão Wunsch, designa o campo de existência do sujeito humano sexuado, em oposição a toda abordagem teórica do humano limitado ao biológico, aos comportamentos ou aos sistemas de relação. Lacan traz a distinção que estabelece a epistemologia da falta entre necessidade, demanda e desejo, assim, Lacan traz que o homem deseja porque a satisfação de suas necessidades vitais passa pelo apelo dirigido a um Outro, o que altera a satisfação, transformada assim em demanda de amor.

O desejo para Freud

Em Freud, a noção de desejo, que é inconsciente, é designada pelo vocábulo alemão Wunsch, cuja tradução geral é aspiração. O desejo não se mostra claramente, tudo que é cifrado, ambíguo e obscuro exige interpretação. E esse é o seu modo de manifestação nos sonhos, concebido por Freud como a realização dos desejos, nos lapsos, nos sintomas e na fantasia de cada um. Assim, o desejo seria um movimento em direção à marca psíquica deixada pela vivência da satisfação primeira que acalmou uma necessidade, como a fome no bebê. A tensão da necessidade que persiste conduz à ação de esperneio ou choro, se impondo e a criança precisa de um adulto capaz de lhe alimentar e cuidar.

Freud o coloca o desejo enquanto noção axial, pois está diretamente relacionado aos destinos da pulsão. Logo, ele se encontra articulado de forma primordial a toda a clínica sinto-mal a partir da qual Freud elaborou a técnica analítica que persiste até os dias de hoje. Encontramos na linguagem o material pelo qual o filhote do humano poderá emergir enquanto sujeito. Pois, será ela a responsável pela imersão desse falante a uma rede de significantes que se constitui enquanto ponto de ligação do ser ao mundo em que vive, relacionando-o ao Outro.

Desejo e linguagem

Já Lacan articula o desejo com a linguagem. O adulto que cuida exerce uma função materna, a fala. Sua contribuição é de grande importância pois possibilita o bebê o acesso a nosso mundo simbólico. Assim, os elementos linguísticos emitidos pela mãe possibilitam o registro das primeiras experiências pelo bebê.

A mãe interpreta os movimentos e expressões da criança e é através dessa interpretação, da atribuição de sentido às manifestações de apaziguamento corporal da criança que vai deixando o âmbito da necessidade para adentrar o mundo da linguagem, o mundo simbólico. O desejo vai se discernindo da necessidade e também da demanda, estando para Lacan em uma relação intrínseca com a incompletude, com a falta, com um apelo, um pedido que esconde e indica uma demanda, fazendo-se a tentativa de alcançar um preenchimento que está sempre além.

O objeto do desejo

O objeto do desejo, designado objeto, é um objeto perdido, cujas características se distinguem de outras concepções, não tem qualquer objetividade, existe independentemente das percepções do sujeito.

O desejo e a função do pai

Em um primeiro momento da existência, a criança tenta se colocar como objeto do desejo da mãe, como aquele que a preenche, isto é, como o falo. No entanto, o que a mãe deseja de fato é enigmático para a criança. Assim, ao ultrapassar essa relação primeira é a condição para que a criança deixe de ser objeto do desejo da mãe e passar a ser sujeito de seu próprio desejo. É através da intervenção da função do pai que, através da linguagem, sinaliza que esse corte se dá, por meio do registro da relação incestuosa com a mãe. O registro da lei que a proíbe é considerado um evento psíquico estruturante e fundamental para a criança.

A demanda e o desejo

Na análise, o desejo gera a demanda que se expressa em apelos ao psicanalista, o qual sustenta a transferência. A pessoa analisada busca a análise pois acredita que ela a levará ao desejo inconsciente.

A demanda é o conceito que orienta o analista na construção do caso que se apresenta. A análise começa com uma demanda e o analista deve visar o seu além, para saber precisar o seu aquém que é o desejo, o fio condutor que implica um sujeito na realidade do seu inconsciente.

Assim, para Lacan, o princípio que rege a análise é a liberação do desejo em relação à sua alienação, e cogita se este não seria o propósito da análise em si, por ter um elemento intrínseco de caráter libertário.

Realização do desejo

Fica a pergunta: conseguiremos libertar nosso desejo da “castração” pela função pai? Conhecer o próprio desejo pode levar anos e muito autoconhecimento, mas promove sensação de liberdade e propósito de vida, satisfação pessoal e qualidade de vida. Em seu livro “A interpretação dos sonhos”, Freud cita o sonho como uma espécie de realização alucinada de um desejo de origem sexual, relacionado ao período da infância mas que se relaciona com a consciência. É nos sonhos que ocorre a realização de desejos recalcados e a fantasia do desejo em si. Tais sonhos podem causar certo estranhamento devido ao conteúdo manifesto, justamente devido aos mecanismos do sonho e do processo primário de deslocamento, condensação e simbolização. Segundo autores, os desejos são indestrutíveis e estão sempre alertas, prontos a procurar caminhos pelos quais circular. Assim, Lacan vem questionar: você quer o que deseja?

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Referências:

ARAÚJO, T.P. O desejo na psicanálise: do objeto do desejo ao objeto causa de desejo. Universidade Federal de Goiás. 2018.

TAFFAREL, M. O desejo segundo Jacques Lacan. sem data. Disponível em: https://www.sbpsp.org.br/blog/o-desejo-segundo-jacques-lacan/


Conheça mais:

Rodrigo Huback

Rodrigo Huback Head Trainer de Practitioner PNL, Master PNL, Método B2S e Hipnose Clínica

Mais de 14 anos dedicados ao desenvolvimento humano; Mais de 20 anos empreendendo em alta performance; Pedagogo; Master Trainer em PNL; Master Trainer em Coach; Membro Trainer de Excelência na NLPEA; Membro Trainer da ANLP; Trainer Comportamental; Hipnoterapeuta.


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