A sociedade está constantemente em mudança e principalmente nos últimos anos mais e mais pessoas passam a perceber algo incomum nos relacionamentos: a liquidez. Você sabe o que é modernidade líquida? Então dá uma olhada!
O autor
Zygmunt Bauman, autor do livro “Modernidade líquida” foi um sociólogo e filósofo polonês nascido em 1925. Publicou uma série de livros que lidam com a relação entre modernidade, burocracia, racionalidade e exclusão social.
O que é modernidade líquida?
A modernidade líquida é um conceito desenvolvido para explicar as alterações que têm ocorrido nas últimas décadas. Segundo Bauman, inúmeras esferas da sociedade contemporânea, tais como vida pública, vida privada e relacionamentos humanos, estão passando por uma série de transformações cujas consequências esgarçam o tecido social. A relação com tais instituições sociais têm perdido a solidez e estão se liquefazendo, tornando-se amorfas como líquidos.
Dessa forma, a modernidade líquida é o tempo do desapego, provisoriedade e do processo de individualização que tem ocorrido nesse tempo de liberdade e ao mesmo tempo insegurança. Os indivíduos deste tempo vivem no anonimato das grandes metrópoles e têm uma sensação de impotência sem precedentes, já que neste anseio pela liberdade a responsabilidade é deixada às energias individuais, favorecendo a solução biográfica de contradições sistêmicas. Atualmente, todos estão correndo e sem tempo, preocupados com as inúmeras atividades assumidas e poucos têm o tempo e a disponibilidade para dar o ombro a algum amigo próximo e desconhece seus vizinhos.
A modernidade líquida assinala um tempo em que a violência, o terrorismo e o individualismo são exacerbados, intalados em “não-lugares” e em “terras de ninguém”.
Aspectos das relações humanas líquidas
Dentro do aspecto das relações humanas em “selvas de pedra” ou acotovelados em cidades grandes, pode-se destacar:
- fuga
- astúcia
- desvio e evitação
- rejeição de qualquer confinamento territorial
- dificuldade de construir e manter a ordem, a responsabilidade pelas consequências e a necessidade de arcar com custos.
- procrastinação
- displicência, indolência e lassidão
Outros aspectos a serem considerados da modernidade líquida segundo Bauman são o desapego, a provisoriedade e a aceleração do processo de individualização, tempo de liberdade e ao mesmo tempo de insegurança, falta de segurança, de certeza e de garantia.
Os indivíduos da modernidade líquida
Na modernidade líquida, os indivíduos fluidos se movem facilmente, escorrem, esvaem-se, respingam, transbordam, vazam, inundam, borrifam, pingam, são filtrados, destilados de forma distinta dos sólidos. Dessa forma, os indivíduos têm associado “leveza” e “ausência de peso” à mobilidade e inconstância.
Assim, os sujeitos da modernidade líquida são afetados por inúmeros mal-estares, sentimentos de aflição, insegurança, pouca resiliência, depressão, ansiedade, baixa qualidade de vida, enfraquecimento dos vínculos e estão sob constante ameaça e se tornarem supérfluos e descartáveis e considerados “lixo” humano (excluídos do consumo).
Todos estão sobrecarregados de muitos projetos ao mesmo tempo e não param para observar o nascimento e o crescimento de fortes vínculos entre as pessoas.
Modernidade líquida e desintegração social
O modelo socioeconômico atual com o capitalismo contemporâneo fomenta o “derretimento” dos limites entre liberdade individual de escolher e agir, diluindo a importância de padrões, códigos, regras e referências sociais para estimular o desejo, especialmente o do consumo, impulsionado pelo predomínio da individualidade em detrimento dos valores coletivos.
Com isso, ocorre a desintegração das redes sociais, a derrocada de agências efetivas de ação coletiva. A participação política é considerada fluida e dinâmica, entretanto, tal fluidez, somada à liquidez pode tornar a participação social defasada e os envolvimentos e compromissos a longo prazo não possuem mais formas de asseguração.
Privatização
Bauman se refere à modernidade atual como uma fase de aguda privatização e individualização desvinculada dos poderes somada ao derretimento dos sólidos da tradição, o que possibilitou uma cisão entre a construção individual da vida e a construção política da sociedade.
Na modernidade líquida, os indivíduos não possuem mais padrões de referência, nem códigos sociais e culturais que possibilitem construir a vida e se inserir dentro das condições de classe e cidadão. Não existem mais lugares pré-estabelecidos no mundo para o indivíduo se situar, e precisam lutar livremente por sua própria conta e risco para se inserir em uma sociedade cada vez mais seletiva econômica e socialmente.
A ilusão da felicidade consumidora
Nossa sociedade se torna cada vez mais rica, ao passo que mais e mais pessoas se sentem menos felizes. A riqueza parece não ser o principal motivo da felicidade, ocorrendo uma correlação inversa entre riqueza e felicidade.
Aquilo que é necessário para ser feliz não pode ser comprado, tal como o amor, a amizade, os prazeres da vida doméstica, o companheirismo, a autoestima e o respeito mútuo. No entanto, os mercados procuram vender propostas de felicidade, bens que podem substituir aqueles intangíveis e não-negociáveis.
Uma vez que o indivíduo torna sua vida mais feliz, começa a se afastar dos domínios não-monetários, e os efeitos de buscar a felicidade atrelada ao consumo de mercadorias é tornar essa busca interminável, uma felicidade nunca alcançada. Quando a pessoa não chega a um estado de felicidade duradouro, acaba tendo a esperança de que na próxima vez que comprar um produto ou com o lançamento de uma nova tendência irá conseguir, se tornando buscadores de felicidade crônicos que acabam afetando a sua qualidade de vida.
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Referências:
FRAGOSO, T.O. Modernidade líquida e liberdade consumidora: o pensamento crítico de Zygmunt Bauman. Revista Perspectivas Sociais. 2011;1(1).
MIWA, M. & VENTURA, C. O (des)engajamento social na modernidade líquida: sobre participação social em saúde. Saúde debate. 2020;44(127).
TFOUNI, F.E.V. & SILVA, N. A modernidade líquida: o sujeito e a interface com o fantasma. Rev. Mal-Estar Subj. 2008;8(1).
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