Muitos fatores podem influenciar a saúde e a qualidade do indivíduo, mesmo fora do seu controle. São, por exemplo, os fatores genéticos e epigenéticos herdados, que podem fazer toda a diferença entre a saúde de um e a doença de outro. Vamos entender esse conceito?
O que é genética?
A genética é a parte da Biologia responsável por estudar a transmissão e expressão dos genes no organismo, além de estudar a diversidade genética observada em indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes. O marco para a genética foram os estudos de Gregor Mendel, em 1865, que culminou um ponto inicial para o desenvolvimento desta área. Na época, várias hipóteses foram levantadas para explicar a hereditariedade e os avanços têm permitido entender os mecanismos envolvidos nesse processo.
A genética também pode ser considerada a especialidade da Biologia que estuda os genes, a hereditariedade e a variação dos organismos, a forma como eles transmitem suas características biológicas de geração para geração.
Desde a pré-história o homem vem utilizando conhecimentos de genética, por exemplo, por meio da domesticação e do cruzamento seletivo de animais e plantas para melhorar suas espécies na agricultura.
O que é epigenética?
O termo epigenética tem origem no prefixo Grego epi, que significa acima ou sobre algo, e estuda as mudanças herdadas nas funções dos genes, mas que não alteram as sequências de DNA. Dessa forma, seus padrões são sensíveis às modificações ambientais e podem causar alterações nas gerações futuras pela transmissão da memória intergeracional.
A epigenética é considerada por muitos como a nova genética que tem sido utilizada como base para uma nova medicina e tem sido um tema de grande interesse por pesquisadores e profissionais ao redor do mundo.
De modo geral, a epigenética se refere ao estudo dos fatores genéticos que intervêm na determinação da ontogenia, ou seja, o desenvolvimento do indivíduo desde sua concepção até a maturidade. Tem sido definida como as mudanças hereditárias na expressão genética que pretende explicar porque os organismos vivos expressam alguns genes e silenciam outros, de modo a adequar suas características físicas particulares e a susceptibilidade de desenvolver algumas enfermidades. Dessa forma, os mecanismos epigenéticos dizem respeito aos processos pelos quais a determinação biológica do organismo é atualizada e expressa ao longo de seu desenvolvimento.
O conceito surgiu nos anos 1940 com o biólogo Conrad Waddington para descrever a interação entre os genes e o ambiente que permite o surgimento de fenótipos, ou seja, as características observáveis num determinado indivíduo.
Nos últimos anos a tecnologia tem possibilitado estudar o comportamento dos genes e o interesse da indústria farmacêutica tem sido grande para desenvolver medicamentos que possam intervir em fatores epigenéticos, além de serem considerados a principal aposta das pesquisas em psiquiatria.
Epigenética e nutrição
O desequilíbrio nutricional na primeira infância derivada da alta ingestão de proteína e baixas concentrações de gordura está relacionado com o peso ao nascer, a velocidade do crescimento e o índice de massa corporal, se relacionam com a desregulação do apetite através da insulina e da leptina, ocasionando um crescimento da obesidade nas últimas décadas por meio da programação metabólica. Dessa forma, quando uma geração passa dificuldades nutricionais, a tendência é que as próximas “adequem” sua genética para acumular mais gordura e, portanto, dá-se o aumento da obesidade.
A nutrição promove mudanças no epigenoma (a expressão do código genético no indivíduo que regula suas funções), dessa forma, alterando a expressão genética de seus filhos.
Epigenética e transmissão hereditária
O interesse por mecanismos não-genéticos e não-culturais de transferência de uma memória da exposição parental a vários ambientes e que determinam a reação das gerações futuras ao seu ambiente durante as suas vidas tem crescido nos últimos anos.
A capacidade de responder a vários desafios e perigos da vida, ao estresse e ao risco de doenças nas várias fases da vida, depende da saúde e do capital humano com o qual nascemos.
Epigenética e câncer
Atualmente o câncer é considerado uma enfermidade com desregulação epigenética que interage extensivamente com bases nas mutações genéticas, incluindo o câncer do esôfago, colo-retal, próstata e área ginecológica. Estudos epigenéticos em várias enfermidades inflamatórias associadas com esclerose sistêmica, fibrose pulmonar, cardíaca, hepática e intestinal.
Com relação ao câncer é possível fazer o mapeamento intergeracional para verificar a possibilidade de desenvolver doenças hereditárias e, assim, intervenções precoces podem ser implementadas, como no câncer de útero em que as mulheres podem retirar o órgão antes que ele seja afetado.
Importância da epigenética
A epigenética é fundamental para o desenvolvimento e origem da saúde e das enfermidades, já que existem evidências de que fatores ambientais, em especial nutricionais em períodos de alta sensibilidade ou plasticidade genética que ocorrem nos primeiros 100 dias de vida, incluindo a gravidez e os primeiros 2 anos de vida, e podem prever a saúde do indivíduo no futuro e sua qualidade de vida.
Pesquisas em epigenética têm demonstrado ser eficaz para mapear os mecanismos genéticos de diversas doenças como epilepsia, câncer e distúrbios psiquiátricos. A grande esperança da epigenética é que a medicina do futuro seja personalizada para cada organismo, com anamnese personalizada, indo além de exames clínicos regulares e passando a estudar como aquela doença se expressa especificamente naquele indivíduo, permitindo formular medicamentos mais eficazes e que melhor interajam com o organismo para diminuir os efeitos colaterais dos medicamentos e possibilidades terapêuticas atuais.
Por isso, é sempre importante ficar ligado nas últimas pesquisas científicas e intervenções médicas, acompanhando sua saúde de forma cada vez mais eficaz.
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Referências:
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FREITAS-SILVA, L.R. & ORTEGA, F.J.G. A epigenética como nova hipótese etiológica no campo psiquiátrico contemporâneo. Physis. 2014;24(3).
JUNIEN, C. A epigenética em respostas transgeracionais aos impactos ambientais: factos e lacunas. Obesidade Infantil. sem data.
MULLER, H.R. & PRADO, K.B. Epigenética: um novo campo da genética. RUBS. 2008;1(3).
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