O olhar do terapeuta faz toda a diferença no modo como o paciente se sente durante o processo terapêutico. Você sabe o que é ter consideração positiva a respeito de alguém?
Terapia centrada na pessoa
A terapia centrada na pessoa, também conhecida como abordagem centrada na pessoa, é uma forma de psicoterapia e ampliação do autoconhecimento desenvolvida pelo psicólogo Carl Rogers na década de 40. É um tipo de terapia que procura facilitar a tendência auto-atualizante do paciente, uma tendência inerente ao crescimento e à realização.
Podemos elencar alguns objetivos da terapia centrada na pessoa, tais como facilitar o crescimento e o desenvolvimento pessoal, eliminar ou mitigar os sentimentos de angústia, melhorar a autoestima, potencializar a abertura a novas experiências e aumentar a compreensão do cliente sobre si mesmo.
Há três condições básicas que permitem o relacionamento entre terapeuta e cliente ocorra de forma positiva, dentre elas a consideração positiva incondicional, a empatia e a congruência.
Neste texto, vamos focar sobre a consideração positiva. Dá uma olhada!
O que é consideração positiva?
De forma geral, ter uma consideração positiva incondicional é receber e aceitar a pessoa tal como ela é, e expressar um afeto positivo por ela, simplesmente por ela existir, não sendo necessário que ela faça ou seja isto ou aquilo. Dessa forma, o terapeuta aceita o outro de forma positiva. Quando ele consegue de fato ser empático e tiver a convicção de que o outro busca sempre alternativas de acordo com o que entende como melhor dentro do seu repertório interno, por meio de sua tendência a se atualizar, fica mais fácil aceitar a pessoa mesmo não entendendo ou concordando.
O terapeuta assume um lugar de acolhimento ao outro com suas experiências, desejos e angústias, sem julgar ou demonstrar qualquer tipo de desaprovação. Isso porque a sabedoria do cliente tem um peso igual ao conhecimento do profissional de saúde.
Dessa forma, a consideração positiva consiste em acreditar no potencial humano para organizar a si próprio e superar suas dificuldades, aceitando-o sem julgamentos e criando um espaço para que ele seja quem é.
Aceitação
A pergunta para a psicoterapia centrada na pessoa é: afinal, o que precisa ser aceito? O objeto de aceitação pode ser interno ou externo e pode se tratar dos próprios sentimentos ou da forma de ser do outro. A aceitação busca principalmente o relacionamento da pessoa com sua vivência interior, a aceitação dos sentimentos e das dificuldades a respeito do outro no relacionamento.
A aceitação autoriza o indivíduo a ter dificuldades, que devem ser compreendidas a partir de seu contexto. Também pode-se voltar a aceitar a realidade, aceitá-la tal como é e acolher o momento presente. Essa postura permite que a pessoa tenha acesso ao seu mundo interno sem tentar fugir do que lhe é desagradável.
O terapeuta não se submete à lógica das respostas internas do paciente quando busca aceitá-lo, mas apenas as considera e as autoriza a se manifestar. Essa aceitação permite que o indivíduo olhe de fora sua experiência e por observar melhor a sua vivência interior e o que ocorre em sua vida.
Acolhimento
O acolhimento é uma soma de práticas de produção e promoção de saúde. Ouvir a queixa do paciente, considerando suas preocupações e angústias através de uma escuta qualificada, permite analisar a demanda e construir maior resiliência.
O ato de acolher é uma ação de aproximação, de estar com e de estar perto de, ou seja, é uma atitude de inclusão que, portanto, implica uma relação com algo ou alguém. A disponibilidade do terapeuta para estar acessível ao paciente no momento de sua crise é fundamental para que o paciente saiba onde procurar ajuda.
Logo, o acolhimento envolve um sentimento de solidariedade para com a pessoa que busca ajuda, de recepção da sua demanda e de cuidado em sua singularidade.
Autenticidade
A autenticidade tem a ver com ser genuíno e valorizar a própria experiência, além de ser um produto de se ouvir no seu íntimo. A autenticidade também se relaciona com a integridade do ser humano em seu todo, e quanto mais autêntico é o terapeuta, mais útil será a conversa terapêutica com o cliente.
A autenticidade leva em consideração a singularidade dos seres envolvidos no processo terapêutico, constituindo-se de honestidade, na qual não se deve esconder ou reprimir qualquer informação relevante à relação. Não é um processo estático, mas que se desenvolve ao longo do tempo, na oportunidade do encontro terapêutico e no embate com o outro, com o estranho, com aquilo que antes não se podia abarcar.
Valoração do indivíduo
Dessa forma, a terapia centrada na pessoa considera a valoração do indivíduo tal como ele é, digno de confiança e respeito. A consideração positiva incondicional se refere a uma responsabilidade para com o outro, a quem não podemos determinar, totaliar ou diagnosticar. É o reconhecimento de sua singularidade que vai além de nós, e nos cabe avaliar segundo os nossos padrões.
Também se pode aplicar a atitude de consideração positiva incondicional fora do ambiente cínico, para com outras pessoas: acreditar em seu potencial, dar um “voto de confiança” e dar valor a sua própria capacidade de se atualizar e superar novos patamares, entre outras formas de demonstrar acolhimento, afeto e disponibilidade.
A humanidade está cada vez mais necessitando de atitudes de solidariedade e compreensão, dessa forma, ter a experiência do acolhimento durante a psicoterapia pode ser um “treino” para que o indivíduo passe a aplicar a consideração positiva e sua autenticidade em outros contextos, como no trabalho, no convívio social e familiar.
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Referências:
ARAÚJO, I.C. & FREIRE, J.C. Os valores e a sua importância para a teoria da clínica da abordagem centrada na pessoa. Rev. abordagem gestalt. 2014;20(1).
VANDENBERGHE, L. & VALADÃO, V.C. Aceitação, validação e mindfulness na psicoterapia cognitivo-comportamental contemporânea. Rev. bras. ter. cogn. 2013;9(2).
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