Os riscos e as responsabilidades da vida vão aumentando a cada fase da vida. É natural que recuemos diante de alguns desafios, mas e quando começamos a fazer coisas contra nossas próprias metas?
O que é autossabotagem?
Também conhecida como autoboicote, a autossabotagem é um processo inconsciente que coloca a pessoa contra seus próprios impulsos e pensamentos. A partir daí, a pessoa adquire comportamentos para se punir ou não chegar ao sucesso esperado ou à conquista de algo pelo qual lutou.
Quando não nos vemos merecedores de sucesso ou subestimamos nossa capacidade de lidar com as vitórias, acabamos forjando atitudes que nos levam ao fracasso, comportamentos destrutivos que estão subconscientes. Estudiosos definem que a autossabotagem ocorre quando destruímos a nós mesmos seja física, mental ou emocionalmente. É uma desregulação no comportamento que pode ser consciente ou inconsciente dependendo do nível de consciência do indivíduo.
A autossabotagem está enraizada em mentalidades contraprodutivas, incluindo a negatividade, a desorganização, a indecisão e conversa interna negativa, além de estar relacionada com o perfeccionismo e a síndrome do impostor.
Para algumas pessoas, a autonomia, independência e o sucesso são apavorantes pois não se pode argumentar que as próprias necessidades precisam ser protegidas por outrem. Ao longo da vida, encarar esses desafios para determinadas pessoas é superar as dificuldades que elas mesmo criam, e o problema de não assumir os riscos e desafios da vida é não crescer por completo. Muitas vezes a pessoa engaja em comportamentos de autopunição porque não se enxerga como merecedora de suas potencialidades e não se apropria delas.
Causas da autossabotagem
Mas essa autopunição não vem de hoje: é na infância que nos relacionamos com nosso primeiro meio social, o núcleo familiar, a partir do qual adquirimos referências para construir nossa própria visão de mundo. As relações familiares ajudam a compreender porquê as pessoas não se sentem merecedoras, pois foram condicionadas por seus pais a se sentirem merecedores apenas após cumprirem determinadas tarefas, por exemplo, e se tornam indivíduos que postergam a felicidade. Os possíveis traumas envolvidos nessa relação também podem contribuir para o desenvolvimento da autossabotagem, pois os carregamos até a fase adulta.
Alguns estudiosos colocam a hipótese de que a autossabotagem foi uma resposta biológica necessária para a sobrevivência, através da evitação de conflito, outros incluem os padrões de comportamentos modelados na infância, incluindo pais que não tinham confiança para ter sucesso. Situações como ser rejeitado ou negligenciado podem ser fatores desencadeadores da autossabotagem, além da insegurança e das crenças limitantes.
Reconhecendo a autossabotagem
É natural que ao longo da vida os objetivos não continuem os mesmos, mas é preciso identificar quando esses objetivos mudaram ou quando a pessoa está desistindo deles por não se achar capaz de realizá-los.
Um modo de reconhecer a autossabotagem é avaliar hábitos de vida tóxicos como, por exemplo, a procrastinação. Sempre adiar os afazeres e compromissos pode ser um mecanismo de defesa diante da sensação de incapacidade para realizar algo. Outro modo de se sabotar pode ser abandonar e nunca finalizar projetos ou se abster de tomar decisões. Isso acontece porque algumas dessas pessoas estão lidando com baixa autoestima, a qual prejudica a forma como estas encaram suas qualidades e capacidades.
A autossabotagem pode acontecer em diversos momentos da vida e tende a se repetir ao longo do tempo, como um vício. São comportamentos tóxicos que impedem a pessoa de conquistar aquilo que ela almeja e, a longo prazo, as frustrações advindas da autossabotagem podem provocar distúrbios psicológicos como a depressão, transtornos de ansiedade, tentativas de suicídio, automutilação, entre outros.
Dicas para reconhecer a autossabotagem:
- Autoconhecimento: documentar e analisar seus comportamentos é um ponto-chave para prevenir e reconhecer a autossabotagem. Registre quando ocorre um estresse no seu dia a dia e como você responde em um diário, para ter noção, com o tempo, de seus padrões de comportamentos autossabotadores. É a partir do autoconhecimento que se pode identificar crenças disfuncionais que podem estar mantendo esses comportamentos e passar a aprender um novo modo de compartilhar sentimentos, exercitar-se ou desenvolver um novo hobby.
- Identificar gatilhos: como os comportamentos autossabotadores são repetidos geralmente inconscientemente, sem o processamento cognitivo, é preciso tentar trazê-los à consciência, ou seja, identificar todos aqueles fatores que trazem emoções desestabilizantes, o que você estava pensando exatamente antes desse gatilho e com qual frequência ele ocorre.
- Verificar as relações: entender a dinâmica da sua infância e os padrões condicionados que são repetidos hoje pode trazer maior tolerância ao desconforto e a possibilidade de respostas mais adequadas ao invés de recorrer à autossabotagem em relações futuras.
Autossabotagem nos relacionamentos
A sabotagem é comum em relacionamentos e ocorre de diversas formas, mesmo desde o início da relação, por exemplo, ao escolher parceiros incompatíveis, entrar em brigas e se recusar a se comprometer completamente com o relacionamento. Outros sinais incluem expectativas irrealistas, desconfiança crônica, silêncio interno e se perder no relacionamento.
Sinais da autossabotagem nos relacionamentos:
- Criticar o parceiro;
- Guardar rancor
- Direcionar energia para outras coisas além do relacionamento
- Concentrando-se nas falhas do seu parceiro
A sabotagem nas áreas pessoais e relacionais também pode afetar o trabalho da pessoa, apresentando desorganização, indecisão, perfeccionismo, procrastinação e síndrome do impostor no ambiente ou na relação com o trabalho.
Psicoterapia e autossabotagem
A psicoterapia no tratamento da autossabotagem intervém no sentido de que a pessoa se dê conta de que está se sabotando. Autoconhecimento é o primeiro passo para identificar comportamentos nocivos que afetam sua vida, sua maneira de agir e sentir.
O psicólogo contribui na tomada de consciência da pessoa para as situações onde ocorreram autossabotagens e, a partir disso, observa quais comportamentos e sentimentos surgem em cada situação. Sua contribuição é útil para que o indivíduo possa identificar o que realmente quer e definir comportamentos necessários para chegar ao objetivo. É um processo longo e difícil, pois muitas vezes a pessoa tende a sabotar o seu próprio processo terapêutico. A mudança de hábitos é essencial para a eficácia do tratamento, concretizando a mudança através da alteração desses padrões comportamentais.
Uma intervenção possível para endereçar a autossabotagem é a construção do hábito de “ser o suficiente”, ou seja, acostumar-se a pensar que você é o suficiente para realizar aquilo que deseja, a que se propõe e se compromete, trazendo a autorresponsabilidade para o indivíduo..
Outras abordagens terapêuticas podem trazer contribuições significativas para a mudança de hábitos na superação da autossabotagem.
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Referências:
SANSONE, R.A. et al. The relationship between childhood trauma and medically self-sabotaging behaviors among psychiatric inpatients. Intl. J. Psychiatry in Medicine. 2008;38(4).
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