De tempos em tempos somos expostos a diversas tendências que passam a tomar proporção muito maior do que antes imaginado. Você já ouviu falar do ponto de virada? Então dá uma olhada!
Quem foi Malcolm Gladwell?
Malcolm Timothy Gladwell é um jornalista, escritor e divulgador científico inglês nascido em 1963. Atualmente o autor possui sete livros publicados, dentre eles "O ponto de virada" tem ganhado destaque por abarcar as relações por meio das quais as tendências e ideias são viralizadas em nossa sociedade. As pesquisas do autor se voltam para um olhar social
O que é o ponto de virada?
O ponto de virada é aquele momento em que uma tendência chega ao seu máximo patamar e passa a se espalhar de forma viral, a uma velocidade assustadora. Dessa forma, existem alguns padrões que fazem algo se tornar uma tendência e quando esta se espalha, é capaz de atingir esse ponto de vida, um momento único onde nada mais é capaz de impedir a multiplicação de uma ideia. A viralização de uma ideia pode afetar o bem estar e a qualidade de vida de grupos, podendo ser usada tanto para a promoção de educação, quanto para a disseminação de ideias falsas, como as chamadas Fake News atualmente muito comentadas, objetivo profissional de muitas pessoas atualmente.
Padrões nos pontos de virada
Existem alguns padrões que fazem com que uma ideia atinja seu ponto de virada, sendo que as condições básicas para um ponto de virada seriam a Regra dos Eleitos, O Fator de Fixação e O Poder do Contexto. Entenda mais:
A disseminação do vírus
Em seu início, um vírus pode se espalhar de forma lenta em uma comunidade e à medida que mais pessoas se infectam, a situação chega a um ponto de epidemia que foge do controle porque a velocidade de transmissão se torna muito alta. O vírus se multiplica em uma subida tímida no início e dispara depois, em uma linha reta até o topo. Esse momento crítico em que o vírus atinge determinado nível de espalhamento pode ser chamado de ponto de virada.
O pareto da viralização
O princípio de Pareto afirma que para inúmeros fenômenos, 80% das consequências resultam de 20% das causas. Por exemplo, 20% dos empregados de uma empresa podem ser responsáveis por 80% das vendas, assim como 80% dos acidentes de trânsito são gerados por 20% dos motoristas. Segundo o autor, este é um tipo muito comum de padrão que gera o ponto de virada em casos de epidemias sociais.
A regra dos eleitos
Esta regra diz respeito aos responsáveis pela epidemia social, ou seja, aqueles que impulsionam a viralidade enviando a mensagem. Para que algo se torne viral, o autor afirma que os emissores representam o ponto mais importante. Os emissores podem ser divididos em 3 grupos:
- Comunicadores: são aquelas pessoas com influência social, possuem uma grande rede de pessoas em volta e são os indivíduos que fazem uma epidemia se multiplicar. Na maioria das vezes, os comunicadores possuem relacionamentos em diversas áreas diferentes e são como os nós que conectam diversas redes. Por pertencerem a muitos grupos, os comunicadores possuem muitos laços e, mesmo que sejam fracos, conseguem transmitir a epidemia entre esses diversos grupos. Para conseguir multiplicar suas ideias, os comunicadores precisam se tornar conectores, possuir uma grande rede de contatos, pois quanto maior for a sua rede, maior será a sua capacidade de interligar e propagar a mensagem. Segundo o autor, os únicos capazes de iniciar uma epidemia social são os indivíduos conectores.
- Experts: são indivíduos que sabem muitas coisas diferentes e se atualizam de modo constante. Apesar de não possuírem grandes redes sociais, eles possuem grande influência nas redes de que participam. Em geral, as pessoas tendem a confiar em um expert, os quais se sentem motivados por serem úteis para as outras pessoas, e por isso, recomendam coisas para amigos e conhecidos. Dessa forma, seus amigos e conhecidos acabam seguindo as recomendações e também as passam para frente.
- Vendedores: os vendedores são hábeis na arte da persuasão e conseguem convencer outras pessoas a experimentarem alguma coisa. São poderosos porque vendem a ideia fazendo com que a percepção das pessoas sobre a ideia mude, o que é essencial para multiplicá-la.
O fator de fixação
O fator de fixação é um dos pilares para que uma ideia se torne viral. Dessa forma, para que uma ideia se torne uma epidemia, a ideia precisa ficar na mente das pessoas e fazerem elas agirem de determinada forma, por isso deve ser simples, prática, interessante, de fácil memorização e, consequentemente, de fácil disseminação. As ideias podem ser alteradas e aprimoradas para que possam ser melhor fixadas, por exemplo, ajustando detalhes na forma como a mensagem é apresentada.
O poder do contexto
O autor afirma que as epidemias são sensíveis às condições, circunstâncias e aos locais em que elas ocorrem. É muito mais fácil viralizar uma mensagem de natal caso a época seja de natal, por exemplo, já que as pessoas são extremamente sensíveis às mudanças de contexto e ambiente, assim como podemos mudar nossas atitudes dependendo do contexto em que estamos inseridos. O ambiente influencia mais do que os seus comportamentos e pensamentos padrão. Por isso, o contexto precisa contribuir para a disseminação massiva de uma ideia.
A regra de Dunbar
Por fim, a regra de Dunbar diz respeito à maior facilidade para disseminar e viralizar uma ideia quando os grupos têm menos de 150 pessoas, pois grupos menores ou muito unidos tendem a ter maior capacidade de aumentar as epidemias sociais. Para o autor, é preciso manter os grupos abaixo de 150 pessoas, pois esta parece ser a quantidade máxima de pessoas com quem podemos manter um relacionamento social autêntico.
Dessa forma, as epidemias sociais se fundamentam, no final das contas, em uma fé inabalável de que a mudança é possível e as pessoas podem transformar completamente os comportamentos e crenças perante os estímulos certos.
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Referências:
GLADWELL, M. T. O ponto de virada. 1ª edição. Editora Sextante. 2009.
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