Muitas pessoas têm relatado diferenças em seu sono durante a pandemia. Noites mal dormidas, pesadelos e sonolência excessiva tem estado cada vez mais presente no sono das pessoas. Mas você sabia que pode estar com um transtorno do sono?
O que é narcolepsia?
A narcolepsia é um distúrbio do sono debilitante que acontece durante a fase de movimento rápido dos olhos (REM) do sono. Isto é caracterizado pela clássica de sonolência diurna excessiva com irresistíveis ataques de sono, cataplexia (perda súbita do tônus muscular bilateral), alucinação hipnagógica e paralisia do sono. Outras características incluem noite de sono fragmentada e comportamento automatizado, perda de concentração e memória, e visão dupla. O indivíduo experimenta sonolência diurna excessiva e cataplexia, seguidas de paralisia do sono, alucinações e fragmentação do sono. Existem dois grupos distintos da narcolepsia: narcolepsia com cataplexia e narcolepsia sem cataplexia. Geralmente, a narcolepsia é comorbidade de outros transtornos do sono.
Essa não é uma doença rara, atingindo cerca de 0,5% da população. A sonolência diurna ocorre em todos os pacientes, com diferentes graus de severidade, e a cataplexia ocorre em aproximadamente 70% dos narcolépticos. Geralmente é desencadeada na fase final da adolescência e na segunda década de vida.
Sonolência diurna excessiva
A sonolência diurna excessiva ou hipersonia, é definida como a incapacidade da pessoa se manter acordada ou alerta durante os principais períodos de vigília do dia, resultando em sonolência e lapsos de sono não intencionais. Sua gravidade é variável, podendo ir desde sonolência leve, manifesta por distração, até uma sonolência grave, em que surgem lapsos involuntários de sono, amnésia e comportamento automático. É considerada patológica quando os sintomas estão presentes há mais de três meses e os pacientes precisam ser avaliados por especialistas do sono.
Dentre os sintomas, observam-se sono noturno fragmentado, episódios de comportamento automáticos, pesadelos, déficits cognitivos, e são comorbidade em obesidade, parassonias e diabetes. Além disso, são características da sonolência diurna excessiva:
- Sensação de sonolência, de intensidade constante ou variável e duração de uma até várias horas;
- Ataques irresistíveis de sono, apesar da tentativa de permanecer acordado;
- Cochilos que aliviam a sonolência por até algumas horas nos adultos;
- Múltiplos cochilos ao longo do período da vigília;
- Flutuações na insônia;
- Flutuação no nível de atenção e concentração.
Cataplexia
A cataplexia é o enfraquecimento súbito e incontrolável de parte ou de todo o corpo, após situações emocionais. Normalmente não há perda de consciência, embora relatos tenham relatado associação ao sono profundo. Cerca de 70% dos pacientes com narcolepsia experienciam cataplexia.
Paralisia do sono
A paralisia do sono consiste na situação em que o paciente acorda e não consegue se movimentar. Pode acontecer de maneira esporádica ou muito frequente em pacientes com narcolepsia.
Alucinações hipnagógicas
São caracterizadas como sonhos vívidos na transição do sono para a vigília em pacientes com narcolepsia. Os pacientes integram com tais sonhos que os levam a situações inadequadas em público ou em casa. É um sintoma relevante e está no diagnóstico diferencial da narcolepsia.
Fragmentação do sono
São despertares noturnos frequentes, relatados pelos pacientes com sensação de baixa quantidade e qualidade do sono.
Instrumentos para mensurar o sono
A sonolência diurna excessiva pode ser avaliada objetivamente através de vários instrumentos, tal como a Escala de Sonolência de Epworth (ESS). É um questionário de oito situações rotineiras em que o paciente gradua de 0 até 3 e possibilidade de adormecer nessas situações. A pontuação vai de 0 (nenhuma chance de adormecer) até 3 (chance total de adormecer).
Estudos com eletroencefalograma e polissonografia são fundamentais para diagnosticar a narcolepsia. São exames que complementam e são realizados em duas etapas. Primeiramente o paciente dorme no laboratório do sono, sem ingerir álcool e deve fazer uso normal de suas medicações. Os resultados dos exames são correlacionados com questionários sobre a qualidade do sono preenchidos pelo paciente. São encontrados maiores sinais de fragmentação do sono, além de diminuição da latência do sono e do sono REM em pacientes com narcolepsia.
Tratamentos
A maior dificuldade no tratamento de pacientes com narcolepsia é estabelecer a integração social e familiar desses pacientes. Os sintomas geralmente evoluem até o diagnóstico, que dura cerca de 10 anos. Na maior parte das vezes, esses pacientes são vistos pelos familiares e amigos como preguiçosos, com consequentes dificuldades na carreira profissional e em atividades sociais. O apoio psicológico se faz importante para modificar o prognóstico social e pessoal desses pacientes.
A higiene do sono com horários regulares para as atividades do dia a dia e para o sono são fundamentais. Os pacientes devem evitar a privação do sono noturna sempre que possível, devem realizar cochilos programados três vezes durante o dia para facilitar o controle da sonolência diurna. Os pacientes são orientados a não ingerir bebidas alcoólicas, não usar sedativos e cuidar com o uso de drogas para promover o sono. É importante deixar claro a necessidade de consultar um profissional da medicina do sono para ter um diagnóstico e tratamento adequado. E o profissional deve informar os companheiros de trabalho e familiares sobre a doença para participarem ativamente na integração desses pacientes na comunidade.
Hipnose e narcolepsia
Dormir é fundamental para a manutenção da saúde física e mental. A capacidade de recuperar as energias gastas durante o dia é um processo natural do organismo. Já que é tão importante quanto comer e beber, tratar o sono é fundamental para a qualidade de vida do paciente com narcolepsia.
A hipnose aplicada à narcolepsia tem como foco reprogramar a mente para permanecer acordada durante o dia e dormir à noite. Principalmente por meio da auto-hipnose, foram observados ser uma ferramenta fundamental para usar se a pessoa começar a sentir sono. É uma medida de tratamento complementar, que permite ao paciente reaprender como lidar com o momento de sonolência e entendimento mais abrangente de seu inconsciente em relação à narcolepsia.
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Referências:
AKINTOMIDE, G.S. & RICKARDS, H. Narcolepsy: a review. Neuropsychiatric Disease and Treatment. 2011;7.
ALÓE, F. et al. Diretrizes brasileiras para o diagnóstico da narcolepsia. Rev. Bras. Psiquiatr. 2010;32(3).
COELHO, F.M.S. et al. Narcolepsia. Rev. Psiquiatr. Clín. 2007;34(3).
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