Hipnose e o cérebro

05/06/2021 às 17:42 Hipnose

Hipnose e o cérebro

Você sabe a fisiologia por trás da hipnose? Já pensou sobre a relação entre cérebro e a hipnose? Dá uma lida nesse texto!

Um recente crescimento nas pesquisas tem dado suporte científico à eficácia da hipnose em uma variedade de tratamentos como, por exemplo, na dor crônica, síndrome do intestino irritado, depressão, ansiedade, doenças psicossomáticas e outros. A hipnose parece ampliar a eficácia de outras abordagens terapêuticas como a psicoterapia, através de intervenções relativamente fáceis mas com inúmeros benefícios e poucos efeitos colaterais, sugerindo que a auto-hipnose deveria ser considerada para o tratamento de muitas condições de saúde mental.

O que é hipnose?

A hipnose pode ser definida como um procedimento durante o qual o profissional da saúde ou hipnólogo induzem o paciente a uma experiência subjetiva que causa mudanças nas sensações, percepções, pensamentos e comportamentos. É vista como um estado de atenção focada envolvendo a concentração focal e uma absorção interna relativa a uma suspensão periférica da consciência.

A hipnose possui três componentes:

1. Absorção: uma tendência a ficar completamente envolvido na experiência perceptiva, imaginativa e ideativa;

2. Dissociação: separação mental de componentes da experiência que normalmente seriam processados em conjunto;

3. Sugestionabilidade: responsividade a pistas sociais, levando a uma tendência a obedecer instruções hipnóticas (sugestões), representando uma suspensão do julgamento crítico.

Abordagens da hipnose

Cada abordagem à hipnose parece ativar mecanismos diferentes, por exemplo, abordagens dissociativas envolvem processos mentais diferentes como o monitoramento cognitivo, o controle cognitivo, consciência e experiência sensorial. Teorias sócio-cognitivas focam no contexto hipnótico e nas habilidades, atitudes, crenças, expectativas, atribuições e motivações do indivíduo. No modelo habilidade-aptitude, propõe-se um efeito causal entre dois fatores que influenciam a resposta hipnótica: um componente cognitivo latente e as crenças do indivíduo acerca de suas respostas ao transe. Por último, o modelo de abordagem biopsicossocial à hipnose foca na importância da relação entre o hipnólogo e o indivíduo, focando em como interagem com os mecanismos psicológicos e com as características do hipnólogo e do sujeito e como estas interagem com os mecanismos fisiológicos de ambos.

Hipnose e pesquisa

A maioria das concepções acerca da hipnose foram formuladas por clínicos que não submeteram suas intervenções a controle científico em investigações e pesquisas. Em 1933 um pesquisador chamado Clark Hull publicou um estudo sobre hipnose que se tornou reconhecido cientificamente, e o estudo fisiológico dos aspectos clínicos da hipnose iniciaram-se, principalmente na Alemanha e na Áustria.

Muitas são as dúvidas ainda remanescentes no que diz respeito aos mecanismos que explicam os efeitos da hipnose. Alguns estudos apontam que mecanismos responsáveis pelo aprendizado, memória, linguagem e processos simbólicos podem estar envolvidos na hipnose. Estudos com eletroencefalograma durante transe profundo verificaram que as ondas cerebrais durante o estado hipnótico são similares ao estado de vigília.

Hipnose e cérebro

Alguns pesquisadores compreendem a hipnose como sendo um estado alterado de consciência, enquanto outros acham que os fenômenos hipnóticos podem ser explicados a partir de conceitos psicológicos como as expectativas hipnólogo-paciente.

Estudos demonstram que durante o estado de transe há um aumento da atividade cerebral nas regiões occipital e temporal do cérebro. Pesquisas detalhadas verificaram que, na realidade, muitas áreas do cérebro estão ativas durante o transe hipnótico. Há uma ativação nos lobos occipital, parietal, pré-central, pré-motor e pré-frontal do cérebro. A maioria dos voluntários nas pesquisas relacionadas com tarefas de atenção relataram uma intensidade maior na consciência interna.

Indivíduos sugestionáveis possuem um aumento numa estrutura cerebral chamada corpo caloso em relação a indivíduos que resistem à hipnoterapia. Essa área está envolvida na localização da atenção e na transferência de informações entre os córtices pré-frontais.

Indivíduos mais sugestionáveis parecem ter áreas frontais relacionadas com a implementação e o controle da atenção, monitoramento da performance e inibição de estímulos indesejados mais ativadas que pessoas resistentes ao transe.

No que diz respeito às ondas cerebrais, estudos relacionam a diminuição das ondas alfa como sendo um preditor da suscetibilidade hipnótica, bem como a presença de ondas theta durante o transe.

Dentre os processos observados na hipnose e sua relação com o cérebro, podemos citar:

1. Olhos fechados: pode estar associada com ondas alfa nos lobos parientais e occipitais;

2. Estado hipnótico: pode ser caracterizado pela presença de ondas alfa no córtex frontal e ondas gama no lobo parietal;

3. Aprofundamento: pode ser caracterizado pela distribuição reforçada da atividade cerebral;

4. Estado de vigília: demonstra atividade cerebral reduzida, principalmente nas áreas frontais e parietais, enquanto ondas gama permanecem ativas nos lobos temporais e pré-frontais.

Metabolismo na hipnose

O metabolismo, assim como tudo o que acontece conosco, é regulado e mediado pelo cérebro. Partindo do pressuposto de que o metabolismo diminui cerca de 10% durante o sono, pesquisadores buscaram comparar a atividade metabólica durante a hipnose com o metabolismo durante o sono e a vigília, e concluíram que o nível do metabolismo basal e a frequência cardíaca foi reduzido durante a hipnose em todos os indivíduos da pesquisa. Problemas como ansiedade podem causar o aumento do metabolismo, enquanto que níveis de depressão não produziram nenhum impacto no índice de metabolismo.

Autores também concluíram que a respiração é idêntica durante o processo hipnótico em relação ao estado de vigília.

Importância

É importante sempre associar o estudo da hipnose com suas bases biopsicossociais, pois um terapeuta nunca trabalha sozinho. Precisa dialogar com os demais profissionais e compreender o que está acontecendo no corpo de seu cliente.

Problemas de saúde de ordem neurológica ou metabólica podem comprometer a eficácia do tratamento com a hipnose e precisam ser entendidos com calma.

Tudo o que fazemos, pensamos e sentimos é mediado pelo cérebro ou se origina dele. A saúde mental e física do seu paciente depende do funcionamento cerebral, por isso é importante sempre buscar trabalhar multidisciplinarmente com outras abordagens da saúde.

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Referências:

GORTON, B.E. The physiology of hypnosis. The Psychiatric Quarterly. 1949;23(2).

JENSEN, M. P. et al. Mechanisms of hypnosis: toward the development of a biopsychosocial model. International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis. 2014;63(1).

VANHAUDENHUYSE, A. et al. Neurophysiology of hypnosis. Neurophysiologie Clinique. 2014; 44(4).


Conheça mais:

Rodrigo Huback

Rodrigo Huback Head Trainer de Practitioner PNL, Master PNL, Método B2S e Hipnose Clínica

Mais de 14 anos dedicados ao desenvolvimento humano; Mais de 20 anos empreendendo em alta performance; Pedagogo; Master Trainer em PNL; Master Trainer em Coach; Membro Trainer de Excelência na NLPEA; Membro Trainer da ANLP; Trainer Comportamental; Hipnoterapeuta.


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