A pandemia foi amplamente coberta pelas mídias tradicionais e sociais. Mas será que a exposição constante às notícias faz bem?
Exposição excessiva à notícias
A transmissão de notícias por meio de rádio, televisão e internet 24 horas por dia, todos os dias da semana, e o crescente acesso às tecnologias móveis permitiram que um número crescente de pessoas recebendo atualizações constantes acerca da crise de forma rápida e regular.
Essa enorme onda de divulgação rápida de informações referentes aos aspectos científicos da doença e suas implicações diárias impõem uma demanda de habilidade das pessoas para lidar com tanta informação.
Infodemia
Dessa forma, o contexto da pandemia do coronavírus acentuou um fenômeno denominado “infodemia”, termo que se refere a um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, tal como a atual pandemia. Nessas situações, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenções duvidosas. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais, por meio das quais se alastra rapidamente, como um vírus.
As informações excessivas muitas vezes são conflitantes e se torna difícil encontrar informações verdadeiramente úteis para se orientar e podem dificultar a tomada de decisão por gestores e profissionais de saúde.
O bombardeio de informações alcança as pessoas por diversos meios e mídias, como televisão, rádio, computador, tablets, smartphones, jornais impressos e eletrônicos, blogs, mídias sociais e aplicativos de conversa, o que acaba por sobrecarregar o usuário
Mídias de acesso
Pesquisas atuais relatam que a maioria das pessoas têm obtido informações via WhatsApp em primeiro lugar, boca a boca em segundo, email, ambiente de trabalho, Facebook, Instagram, Youtube e Twitter também foram citados respectivamente.
A maioria dos indivíduos das pesquisas relataram tipos específicos de informações que receberam, sendo a mais frequente informações sobre o número de casos confirmados, seguida por medidas de prevenção e número de mortes por COVID-19, além de sintomas da COVID-19. Informações acerca de possíveis tratamentos também foram relatadas, com apenas 8% dos indivíduos acessando outros tipos de informação.
Dentre a exposição excessiva à informações, 44% das pessoas relataram um acesso excessivo a informações relacionadas à COVID-19, com um consumo diário de mídia aumentado.
Sofrimento psicológico
A exposição repetida à mídia relacionada ao surto atual do coronavírus pode ter relação direta com o sofrimento psicológico. A relação entre o bem estar psicológico e a exposição à mídia não é nova e já foi observada em outros surtos de doenças como o H1N1, que trouxe o aumento da incerteza sobre as informações e os sentimentos de descontrole foram associados a níveis mais elevados de ansiedade e redução do pensamento positivo.
Busca-se uma compreensão mais clara a respeito do impacto emocional da cobertura midiática e formas mais adequadas de comunicação, além de intervenções destinadas a promover o bem estar levando em consideração os indivíduos que acessarem a informação.
Muitos indivíduos têm se sentido estressados pelo volume de informações para se manterem atualizados, sendo que 24% dos participantes de uma pesquisa relataram continuar consumindo informações mesmo após terem atingido o próprio limite sempre ou quase sempre.
Há relatos ainda da dificuldade para encontrar informações desejadas e a avaliação da própria autoconfiança para encontrar as informações desejadas.
Podemos citar sintomas associados ao sofrimento psicológico, tais como dor de cabeça, insônia, humor deprimido, espasmos ou contrações nos olhos, inquietação e outros. Por fim, as principais consequências da infodemia, ou seja, do excesso de informações são a ansiedade, medo, pânico e descuido ou quebra do isolamento social.
Notícias falsas
No Brasil a circulação de informações falsas ainda é intensa, principalmente por meio das mídias sociais, disseminando falsas informações como a inexistência de casos de COVID-19, imagens falsas de leitos hospitalares desocupados e métodos caseiros ou sem comprovação científica e teorias conspiratórias que atribuem a pandemia à uma estratégia política, com posicionamentos contrários às medidas de distanciamento social necessárias à contenção da propagação da doença.
É uma situação preocupante, pois essas mídias acessam larga escala da população. Além disso, a informação é atualmente uma das principais formas de acesso e busca à informações, principalmente sobre o vírus em escala nacional e internacional. Os interesses por informações a respeito do vírus cresceram exponencialmente após os primeiros relatos de casos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para combater a infodemia ou hiper exposição à notícias, é preciso implementar medidas como:
- Monitoramento de informações;
- Fortalecimento da capacidade de alfabetização em saúde digital e ciência;
- Incentivo a processos de aprimoramento da qualidade das informações como verificação de fatos e revisão por pares;
- Tradução precisa e oportuna do conhecimento, minimizando fatores de distorção como influências políticas ou comerciais;
- Ampliação da divulgação científica.
Por fim, muitos autores consideram que não estamos combatendo uma pandemia, mas, sim uma infodemia, com a sobrecarga de informações compartilhadas, além da desinformação epidêmica que pode trazer sérias consequências para a saúde e a sociedade.
Intervenções possíveis
Dentre as intervenções possíveis para mitigar os efeitos da infodemia ou hiper exposição à notícias, principalmente no que diz respeito a informações a respeito do coronavírus, é possível estabelecer horários programados para acessar as informações, seja por televisão ou mídias sociais, filtrar informações mais relevantes a serem acessadas, procurar não continuar em contato excessivo com notícias mesmo após seu limite diário, e procurar sempre verificar as fontes da informação, para identificar informações falsas ou distorcidas.
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Referências:
BAZÁN, P.R. et al. Exposição às informações sobre COVID-19 em mídias digitais e suas implicações para funcionários do setor de saúde: resultados de uma pesquisa online. Einstein. 2020;18.
GARCIA, L.P. & DUARTE, E. Infodemia: excesso de quantidade em detrimento da qualidade das informações sobre a COVID-19. Epidemiol. Serv. Saúde. 2020;29(4).
MESQUITA, C.T. et al. Infodemia, fake news and medicine: science and the quest for truth. Int J Cardiovasc. 2020;33(3).
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