A psicanálise é uma das formas de psicoterapia mais conhecidas e abrangentes, até mesmo outras profissões além dos psicólogos podem ser psicanalistas. Mas o que será que um psicanalista faz?
O que é psicanálise?
A psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana, independente da Psicologia, criada por Sigmund Freud, um neurologista alemão que propôs um método de investigação do psiquismo e seu funcionamento, um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano, caracterizado pela aplicação da técnica da livre associação. É uma teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia que influenciou diversas correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, cuja base teórica dá suporte a compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana. Seu principal objetivo é “desvendar” o inconsciente, o qual Freud acreditava que seria a causa dos problemas que afligiam as pessoas.
A psicanálise se baseia em alguns modelos e teorias, que embora sejam diferentes, buscam enfatizar a influência dos elementos inconscientes sobre o consciente. Dentre elas:
- Modelo topográfico: foi nomeado e descrito por Sigmund Freud e levanta a hipótese de que o aparelho psíquico pode ser dividido nos sistemas Consciente, Pré-consciente e Inconsciente. Esses sistemas não seriam estruturas anatômicas, mas sim processos mentais.
- Modelo estrutural: este modelo divide a psique em id, ego e superego. O id está presente desde o nascimento como repositório dos instintos básicos, chamados por Freud de pulsão; é um sistema desorganizado, inconsciente, e opera através do princípio do prazer, sem realismo ou previsão. O ego se desenvolve gradualmente, preocupando-se em mediar as urgências do id e as realidades do mundo externo, operando no princípio da realidade. E o superego, considerado a parte do ego em que se desenvolvem a auto-observação, a autocrítica e outras faculdades reflexivas de julgamento. O ego e o superego estão parcialmente conscientes e parcialmente inconscientes.
Benefícios da psicanálise
Embora ainda existam bastante preconceitos quanto a buscar ajuda para saúde mental, a psicanálise possui inúmeros benefícios. Ela tem se mostrado útil para tratar uma série de transtornos mentais e queixas em relação à saúde mental, tais como: depressão, tratamento da ansiedade, síndrome do estresse pós-traumático, fobias, crises de ansiedade, ataques de pânico, transtornos alimentares, insatisfação com a vida, baixa autoestima, problemas no relacionamento, problemas sexuais, comportamentos autodestrutivos, insônia, pensamentos suicidas, vícios e outros.
Função do psicanalista
O psicanalista tem a principal função de ajudar os indivíduos a superar traumas, preocupações, medos e dores emocionais, conforme a análise do inconsciente. A psicanálise pode ser um processo longo, no qual o profissional investiga a mente do paciente à procura de possíveis memórias e sentimentos reprimidos.
Basicamente, o analista busca esclarecer a natureza real do paciente, para que ele mesmo possa ampliar sua consciência e entender os motivos de ser como é. Dessa forma, ele se expõe com suas feridas e pode entender as ramificações delas criadas, bem como as consequências disso na sua vida.
Pode-se dizer que os terapeutas também buscam promover uma mudança de perspectiva no que afeta negativamente a vida do cliente, possibilitando seu crescimento. Aos poucos, ele vai parando de se render aos problemas e passa a trabalhá-los instintivamente, porque entende melhor como lidar com eles após a terapia.
Como funcionam as sessões?
As sessões têm duração aproximada de 50 minutos e podem ser realizadas até três ou cinco dias por semana. É um tempo para o cliente falar sobre suas demandas enquanto o psicanalista toma nota dos padrões em seu discurso, na linguagem não verbal, nos esquecimentos e tópicos que causam desconforto. O cliente é encorajado a tomar consciência de suas ações comandadas pelo inconsciente. Ao longo das sessões, o indivíduo desenvolve autopercepção, sendo capaz de perceber seus processos mentais com mais clareza.
As sessões possuem frequência aumentada dependendo do aprofundamento necessário no inconsciente do paciente. Dessa forma, as conexões entre a mente consciente e inconsciente do paciente estão frescas para as próximas sessões. Além disso, é possível ir tratando de questões do cotidiano ao longo de seu acontecimento.
Sessões de psicoterapia podem ser a porta de saída a diversos sinais que rodeiam nossas vidas. Ela pode promover esclarecimentos a respeito de como vivemos e podemos agir de maneira mais adequada.
Técnicas utilizadas nas sessões
Existem diversas técnicas psicanalíticas que podem ser utilizadas, dentre elas:
- Associação livre: utilizada para que o cliente fale a primeira coisa que vier à mente.
- Interpretação dos sonhos: utilizada para identificar conteúdos inconscientes, símbolos e padrões que façam sentido.
- Transferência: o cliente, muitas vezes sem perceber, transfere os sentimentos que possuía por uma pessoa do passado para outra do presente. Isso pode ocorrer entre terapeuta e cliente e cabe identificar esse processo e quebrar o vínculo entre memória e presente.
- Interpretação: identificar momentos importantes de informação que o cliente deixa escapar durante a sessão ao falar sobre assuntos aleatórios. A escolha de palavras e da frase é analisada para desvendar sentimentos atrelados a elas.
Divã e psicanálise
O divã característico da psicanálise para a maioria das pessoas foi um presente de agradecimento de uma paciente de Freud para seu escritório. Freud percebeu que o divã poderia ocupar um lugar fundamental na psicoterapia, já que os clientes precisavam de algo antes da terapia para libertar sua mente, frequentemente sem o contato visual com o terapeuta. O convite feito pelo analista ao divã equivale a uma espécie de contrato terapêutico que promove expressar livremente os conteúdos inconscientes, dada a cumplicidade conquistada entre terapeuta e cliente. Nem sempre os pacientes se sentem confortáveis no divã, pelo contrário, se sentem vulneráveis por estarem deitados e por não terem a visão da face do analista.
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Referências:
MEZAN, R. Psicanálise e psicoterapias. Estud. av. 1996;10(27).
SILVA, M.R. et al. Psicanálise e psicoterapia psicanalítica: tangências e superposições. Rev. Psicol. Saúde. 2015;7(1).
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