Perder uma pessoa significativa ou uma oportunidade importante pode nos levar ao sentimento de luto. Você sabe como funciona esse difícil período? Dá só uma olhada!
Estudos sobre o luto
O primeiro autor a iluminar o assunto luto como tema relevante para o entendimento psíquico foi Sigmund Freud (1966) em sua famosa obra “Luto e Melancolia”, onde descreve o luto como um processo psíquico não-patológico, que ocorre após a perda de um ente querido.
Elizabeth Kübler-Ross, pesquisadora sobre a morte, relata que a morte em si está ligada, na atual visão da sociedade, a uma ação má, um acontecimento medonho e algo que clama por castigo. Essa fuga da morte, segundo a autora, tem raiz na ideia de que morrer é triste sob vários aspectos, e sobretudo muito solitário, mecânico e desumano. A consciência da morte é um importante fator para o ser humano, presente em seu cotidiano e a percepção da própria mortalidade prepara o indivíduo para lidar com essa etapa natural da vida.
O que é o luto?
O luto é um processo cognitivo de enfrentamento da perda, que consiste em construir estratégias e estilos de gerenciamento da situação de luto. Quando há o enfrentamento do luto, os danos à saúde física e mental podem ser reduzidos, já que este acontece no dia a dia e inclui todas as tarefas da vida da pessoa em luto.
É uma crise que ocorre quando há um desequilíbrio entre a quantidade de ajustamento necessário de uma só vez e os recursos disponíveis para lidar com tal demanda sistêmica (familiar, emocional e relacional). Assim, o enlutado se vê diante da necessidade de continuar desempenhando os papéis, somados à sobrecarga do luto dos demais membros da família e agravada pelas relações próprias do luto e da resiliência individual.
O que ocorre durante o luto?
O luto ocorre em situações típicas de transformação abrupta na relação eu-outro e é vivenciado como a morte de um modo de relação entre o morto e o enlutado, decorrente da ruptura emergente. Com a ausência do outro, há uma revisão no sentido de vida, exigindo uma nova significação, o que deve ser encarado como um evento natural da vida que todos experimentarão um dia, tendo vários efeitos sobre as pessoas, e que deve ser entendido de forma individualizada.
A maneira como o grupo social pensa sobre a morte e se comporta diante dela pode afetar o enfrentamento do luto, podendo ser apoiador ou opositor, ou simplesmente ignorar a experiência do luto, levando à necessidade de mudanças no enlutado.
Consequências do luto
As reações após a perda de um ente significativo muitas vezes podem incluir impedimentos temporários nas funções do dia-a-dia, retiradas das atividades sociais, pensamentos intrusivos e sentimentos de anseio e dormência que podem continuar por períodos variáveis de tempo. Essas reações frequentemente envolvem sofrimento e desorganização psíquica em maior ou menor grau e afetam a qualidade de vida do indivíduo significativamente.
As fases do luto
Diversos autores formularam propostas para definir as fases do luto. Segundo Elizabeth Kübler-Ross, o luto possui cinco estágios:
- Negação e isolamento: a negação funciona como um pára-choque depois de notícias inesperadas e chocantes, deixando tempo para que o enlutado se recupere gradativamente.
- Raiva: aqui a negação é substituída por sentimentos de revolta, inveja e ressentimento. O enlutado queixa-se de tudo, porém sabe-se que externalizar a raiva pode contribuir para a melhor aceitação do luto.
- Barganha: é uma tentativa do indivíduo negociar com seus medos diante da perda, com figuras que, de acordo com suas crenças, teriam o poder de intervir nessa situação de morte.
- Depressão: pode ser dividida em dois estágios: a preparatória (podem surgir após a ocorrência de outras perdas decorrentes da perda por morte) e a reativa (momento em que a aceitação já está mais próxima e os enlutados passam a repensar na sua vida).
- Aceitação: último estágio, as pessoas tendem a ficar mais calmas e conseguem expressar melhor seus sentimentos, emoções e frustrações. Tal processo pode ser dificultado quando a pessoa passa muito tempo em negação da morte.
Luto patológico
Se o indivíduo não vivencia as fases acima e não consegue ultrapassá-las em um determinado período de tempo, o luto pode se tornar não-adaptativo. O luto patológico está relacionado com a intensidade e duração das reações e pode ser definido como a intensificação do luto a um nível em que o sujeito se encontra destroçado, originando comportamentos não-adaptativos face à perda, permanecendo interminavelmente em uma única fase, impedindo a progressão com vistas à finalização do processo de luto.
A elaboração do luto
Alguns autores enfatizam o processo de reconstrução de significados após uma perda significativa, para que o luto possa ser elaborado. Essa reconstrução deve levar em consideração as relações estabelecidas com outros recursos, reais, simbólicos e pessoais dos enlutados. As intervenções propõem mudar a identidade para redefinir a conexão simbólica que se tem com o falecido, enquanto mantém-se o relacionamento com aqueles que estão vivos.
Assim, encoraja-se a retomada das próprias tarefas diárias, fazer coisas novas, se distrair e se divertir sem culpa ou sem se preocupar que está traindo o ente falecido, ou seja, restabelecer uma vida saudável e uma reorganização diante da nova realidade.
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Referências:
CARNAÚBA, R.A. et al. Luto em situações de morte inesperada. Revista Psique. 2016;1(2).
DAHDAH, D.F. et al. Revisão sistemática sobre luto e terapia ocupacional. Cad. Bras. Ter. Ocup. 2019;27(1).
SANTOS, R.C.S. et al. Aspectos teóricos sobre o processo de luto e a vivência do luto antecipatório. Psicologia PT. 2017.
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