As fases do luto: entenda esse processo difícil

19/08/2021 às 19:05 Hipnose

As fases do luto: entenda esse processo difícil

Perder uma pessoa significativa ou uma oportunidade importante pode nos levar ao sentimento de luto. Você sabe como funciona esse difícil período? Dá só uma olhada!

Estudos sobre o luto

O primeiro autor a iluminar o assunto luto como tema relevante para o entendimento psíquico foi Sigmund Freud (1966) em sua famosa obra “Luto e Melancolia”, onde descreve o luto como um processo psíquico não-patológico, que ocorre após a perda de um ente querido.

Elizabeth Kübler-Ross, pesquisadora sobre a morte, relata que a morte em si está ligada, na atual visão da sociedade, a uma ação má, um acontecimento medonho e algo que clama por castigo. Essa fuga da morte, segundo a autora, tem raiz na ideia de que morrer é triste sob vários aspectos, e sobretudo muito solitário, mecânico e desumano. A consciência da morte é um importante fator para o ser humano, presente em seu cotidiano e a percepção da própria mortalidade prepara o indivíduo para lidar com essa etapa natural da vida.

O que é o luto?

O luto é um processo cognitivo de enfrentamento da perda, que consiste em construir estratégias e estilos de gerenciamento da situação de luto. Quando há o enfrentamento do luto, os danos à saúde física e mental podem ser reduzidos, já que este acontece no dia a dia e inclui todas as tarefas da vida da pessoa em luto.

É uma crise que ocorre quando há um desequilíbrio entre a quantidade de ajustamento necessário de uma só vez e os recursos disponíveis para lidar com tal demanda sistêmica (familiar, emocional e relacional). Assim, o enlutado se vê diante da necessidade de continuar desempenhando os papéis, somados à sobrecarga do luto dos demais membros da família e agravada pelas relações próprias do luto e da resiliência individual.

O que ocorre durante o luto?

O luto ocorre em situações típicas de transformação abrupta na relação eu-outro e é vivenciado como a morte de um modo de relação entre o morto e o enlutado, decorrente da ruptura emergente. Com a ausência do outro, há uma revisão no sentido de vida, exigindo uma nova significação, o que deve ser encarado como um evento natural da vida que todos experimentarão um dia, tendo vários efeitos sobre as pessoas, e que deve ser entendido de forma individualizada.

A maneira como o grupo social pensa sobre a morte e se comporta diante dela pode afetar o enfrentamento do luto, podendo ser apoiador ou opositor, ou simplesmente ignorar a experiência do luto, levando à necessidade de mudanças no enlutado.

Consequências do luto

As reações após a perda de um ente significativo muitas vezes podem incluir impedimentos temporários nas funções do dia-a-dia, retiradas das atividades sociais, pensamentos intrusivos e sentimentos de anseio e dormência que podem continuar por períodos variáveis de tempo. Essas reações frequentemente envolvem sofrimento e desorganização psíquica em maior ou menor grau e afetam a qualidade de vida do indivíduo significativamente.

As fases do luto

Diversos autores formularam propostas para definir as fases do luto. Segundo Elizabeth Kübler-Ross, o luto possui cinco estágios:

  1. Negação e isolamento: a negação funciona como um pára-choque depois de notícias inesperadas e chocantes, deixando tempo para que o enlutado se recupere gradativamente.
  2. Raiva: aqui a negação é substituída por sentimentos de revolta, inveja e ressentimento. O enlutado queixa-se de tudo, porém sabe-se que externalizar a raiva pode contribuir para a melhor aceitação do luto.
  3. Barganha: é uma tentativa do indivíduo negociar com seus medos diante da perda, com figuras que, de acordo com suas crenças, teriam o poder de intervir nessa situação de morte.
  4. Depressão: pode ser dividida em dois estágios: a preparatória (podem surgir após a ocorrência de outras perdas decorrentes da perda por morte) e a reativa (momento em que a aceitação já está mais próxima e os enlutados passam a repensar na sua vida).
  5. Aceitação: último estágio, as pessoas tendem a ficar mais calmas e conseguem expressar melhor seus sentimentos, emoções e frustrações. Tal processo pode ser dificultado quando a pessoa passa muito tempo em negação da morte.

Luto patológico

Se o indivíduo não vivencia as fases acima e não consegue ultrapassá-las em um determinado período de tempo, o luto pode se tornar não-adaptativo. O luto patológico está relacionado com a intensidade e duração das reações e pode ser definido como a intensificação do luto a um nível em que o sujeito se encontra destroçado, originando comportamentos não-adaptativos face à perda, permanecendo interminavelmente em uma única fase, impedindo a progressão com vistas à finalização do processo de luto.

A elaboração do luto

Alguns autores enfatizam o processo de reconstrução de significados após uma perda significativa, para que o luto possa ser elaborado. Essa reconstrução deve levar em consideração as relações estabelecidas com outros recursos, reais, simbólicos e pessoais dos enlutados. As intervenções propõem mudar a identidade para redefinir a conexão simbólica que se tem com o falecido, enquanto mantém-se o relacionamento com aqueles que estão vivos.

Assim, encoraja-se a retomada das próprias tarefas diárias, fazer coisas novas, se distrair e se divertir sem culpa ou sem se preocupar que está traindo o ente falecido, ou seja, restabelecer uma vida saudável e uma reorganização diante da nova realidade.

 

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Referências:

CARNAÚBA, R.A. et al. Luto em situações de morte inesperada. Revista Psique. 2016;1(2).

DAHDAH, D.F. et al. Revisão sistemática sobre luto e terapia ocupacional. Cad. Bras. Ter. Ocup. 2019;27(1).

SANTOS, R.C.S. et al. Aspectos teóricos sobre o processo de luto e a vivência do luto antecipatório. Psicologia PT. 2017.


Conheça mais:

Rodrigo Huback

Rodrigo Huback Head Trainer de Practitioner PNL, Master PNL, Método B2S e Hipnose Clínica

Mais de 14 anos dedicados ao desenvolvimento humano; Mais de 20 anos empreendendo em alta performance; Pedagogo; Master Trainer em PNL; Master Trainer em Coach; Membro Trainer de Excelência na NLPEA; Membro Trainer da ANLP; Trainer Comportamental; Hipnoterapeuta.


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