O Brasil tem sido líder em altos índices de ansiedade do mundo, principalmente após a pandemia do Coronavírus. Como podemos lidar com a ansiedade?
O que é a ansiedade?
A ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, tensão, desconforto derivado da antecipação de algo desconhecido ou estranho, que gera um estado de agitação interior, muitas vezes acompanhados de comportamento nervoso, como maneirismos. Também pode ser descrita como um sentimento de terror por eventos antecipados, tal como a sensação de morte iminente, a antecipação do perigo, de algo desconhecido ou estranho.
Esse medo é uma resposta a uma ameaça real ou percebida, enquanto a ansiedade é a expectativa de uma futura ameaça. A “presença” dessa ameaça (seja no ambiente, real, ou seja percebida, imaginária) gera inquietação no indivíduo e preocupações, gerando reações exageradas a uma situação apenas subjetivamente avaliar como ameaçadoras.
A ansiedade pode ser uma resposta normal do corpo às ameaças que percebemos no dia a dia ou que vivenciamos, e prepara nosso corpo para responder a essas situações de confrontamentos sociais, diante dos quais o indivíduo escolhe lutar ou fugir ao abordar essas situações, reais ou imaginárias.
Quando as ameaças são percebidas, ou imaginadas, a reação fica mais desproporcional e acaba se tornando patológica.
Como identificar sinais de ansiedade normal e patológica?
A ansiedade e o medo passam a ser notados como patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou diferentes do que se observa naquela faixa etária e afetam significativamente a qualidade de vida, o conforto emocional e o desempenho diário do indivíduo. Essa reação exagerada geralmente tem origem na predisposição genética herdada.
Para diferenciar entre a ansiedade normal e a patológica é preciso avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, limitada e relacionada ao estímulo do momento ou não, ou seja, se é uma ansiedade a respeito de uma ameaça presente no momento ou não.
Dessa forma, para distinguir entre uma ansiedade normal da patológica é preciso verificar:
- duração dos sintomas;
- severidade dos sintomas;
- frequência dos sintomas.
Quanto mais longos os sintomas, pior a qualidade de vida da pessoa. Ansiedade severa promove dano à saúde mental do indivíduo e quanto mais frequentes os sintomas, mais comprometidas estão as atividades do indivíduo.
Pandemia do coronavírus e aumento da ansiedade
Desde que o primeiro caso de coronavírus foi identificado no Brasil, uma série de consequências tem acontecido e mais de 400 mil pessoas já morreram só no país. Ter que lidar com essa situação de calamidade pública tem prejudicado a saúde mental dos brasileiros. Isso porque o medo de ser infectado por um vírus potencialmente fatal, de rápida disseminação, cujas origens, natureza e curso ainda são pouco conhecidos, afeta o bem estar psicológico dos indivíduos que têm tentado lidar com essa situação diariamente.
O Brasil tem sido apontado como um dos países com maiores índices de ansiedade e depressão devido a pandemia do coronavírus. Estudos relatam que 63% dos participantes de uma pesquisa relataram sofrer de ansiedade, enquanto 59% relataram sintomas de depressão.
O principal motivo que tem sido atribuído ao aumento da ansiedade é a privação das atividades de lazer fora do ambiente doméstico, como exercício físico ou encontros com amigos e familiares.
Além disso, a resposta governamental ao manejo da crise sanitária tem sido motivo de grande depressão e ansiedade para muitos indivíduos brasileiros, estudiosos afirmam.
O aumento nos casos de suicídio em decorrente de complicações psicológicas da COVID-19 tem sido relatado não só no Brasil, mas também em países como a Coreia do Sul e a Índia.
Dentre os efeitos negativos da pandemia na saúde mental dos indivíduos, sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva, e aumento dos transtornos de ansiedade estão entre o topo, além de perdas financeiras e escassez de suprimentos.
Transtorno de ansiedade generalizada
Um dos transtornos de ansiedade se chama transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o qual representa o medo excessivo, preocupações ou sentimentos de pânico exagerados e irracionais a respeito de várias situações. Essas pessoas estão constantemente tensas e dão a impressão de que qualquer situação é ou pode ser fonte de ansiedade.
Quando presente em crianças, são indivíduos que se preocupam muito com o julgamento de terceiros em relação ao seu desempenho em diferentes áreas e necessitam exageradamente que lhes renovem a confiança, que as tranquilizem.
Esses indivíduos apresentam dificuldade para relaxar, sudorese e taquipneia, tensão muscular e vigilância aumentada.
Ferramentas para lidar com a ansiedade
O tratamento da ansiedade é realizado de forma multidisciplinar, através da administração medicamentosa pela avaliação psiquiátrica, a psicoterapia e as terapias complementares. Se você observar sinais de ansiedade em seu dia a dia, procure a ajuda de um profissional de saúde e não deixe os sintomas ampliarem, busque intervenção especializada.
Psicoterapia
As intervenções psicoterápicas buscam intervir no sentido de algumas maneiras no modo de perceber ou raciocinar diante da ameaça real ou percebida, não reforçar o comportamento ansioso e não reforçar a relação entre um estímulo e a percepção de ameaça, aumentando a autoconfiança do paciente para lidar com isso.
Mindfulness e meditação
O mindfulness é uma forma de exercitar a capacidade humana básica de estar no momento presente, conscientes de onde estamos e o que estamos fazendo, ao contrário de ficarmos reativos ou sobrecarregados com o que está acontecendo ao nosso redor. Deixando os pensamentos e sentimentos irem e virem, sem necessariamente se envolver com eles. Dessa forma, focar no momento presente permite uma folga ao indivíduo ansioso, que está sempre pensando no futuro, nas possibilidades de ameaças reais ou percebidas, e sem se apegar tanto à importância dessas ideias.
Hipnose
A hipnose amplia os cinco sentidos, permitindo com que o indivíduo se concentre em uma área específica, experimentando o relaxamento profundo e acesso ao subconsciente e inconsciente, o que favorece enxergar as memórias recorrentes que podem estar filtrando tais estímulos como ameaçadores.
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Referências:
CASTILLO, A.R.G.L. et al. Transtornos de ansiedade. Braz. J. Psychiatry. 2000;22(2).
SCHMIDT, B. et al. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Psicol. 2020;37.
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