Os jogos olímpicos ilustram os benefícios do esporte nos atletas, no entanto também ilustram a importância da saúde mental nas práticas. Você conhece os benefícios psicológicos de praticar esportes? Então dá uma olhada!
Psicologia do esporte
A psicologia do esporte integra um espectro chamado de Ciências do Esporte, compostas por disciplinas como antropologia, filosofia e sociologia do esporte, buscam abranger as áreas sócio-culturais, bem como a medicina, a fisiologia e a biomecânica do esporte, sendo uma área de atuação interdisciplinar.
Temas como motivação, personalidade, agressão e violência, liderança, dinâmica de grupo, bem-estar psicológico, pensamentos e sentimentos de atletas e vários outros aspectos da prática esportiva e da atividade física têm sido objeto de pesquisa da psicologia do esporte, visto que o nível técnico dos atletas e equipes de alto rendimento está cada vez mais associado ao equilíbrio e à preparação mental, o que é tido como um diferencial nas equipes. Dessa forma, o psicólogo do esporte busca compreender e analisar os processos de ensino, educação e socialização inerentes ao esporte e seu reflexo no processo de formação e desenvolvimento da criança, jovem ou adulto praticante.
Esporte e pandemia
Por conta da urgência das ações para enfrentamento à pandemia do covid-19 declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020, o isolamento social trouxe aumentado interesse pela temática. No entanto, como parte da política de proteção, centros esportivos e de lazer, academias, clubes e parques públicos foram fechados ou restringiram seu funcionamento. Atualmente as pesquisas procuram verificar se essa pausa nas rotinas ocasionais de exercícios físicos pode ter afetado a saúde mental das pessoas em geral, já que esta se encontra prejudicada devido aos períodos prolongados de estresse agudo coletivo em tragédias e epidemias. Esses eventos estressores desencadeiam sintomas de potenciais transtornos mentais, tanto do humor, como depressão e ansiedade, quanto de personalidade como o transtorno de personalidade borderline, com reduzida qualidade de vida nesta população.
Benefícios do esporte na saúde mental
A prática de exercícios físicos regulares pode interferir no desempenho cognitivo por diversos motivos, como por exemplo, em função do aumento nos níveis de neurotransmissores e por mudanças em estruturas cerebrais, pela melhora cognitiva observada em indivíduos com prejuízo mental e melhora limitada em indivíduos idosos, em função de uma menor flexibilidade mental e atencional quando comparados ao grupo jovem.
A ação do exercício físico sobre a função cognitiva pode ser direta ou indireta. A atividade pode aumentar a velocidade do processamento cognitivo através da melhora na circulação cerebral e a alteração na síntese e degradação de neurotransmissores. Dentre os mecanismos diretos que influenciam o organismo a partir do exercício físico, temos a diminuição da pressão arterial, decréscimo dos níveis de triglicérides no plasma sanguíneo e inibição da agregação plaquetária que podem agir indiretamente na capacidade funcional geral, refletindo significativamente no aumento da qualidade de vida.
O caso Simone Biles
Simone Biles visitou um ginásio poliesportivo pela primeira vez quando tinha 6 anos, junto com a turma da escola. Quando chegou lá, já começou a dar cambalhotas e fazer acrobacias por todo lado. Os instrutores ficaram impressionados com a desenvoltura da jovem e pediram para que ela entregasse aos pais um bilhete, perguntando se já haviam pensado em inscrevê-la em uma aula de ginástica.
Nos anos seguintes, Biles não parou mais, ganhou 25 medalhas em campeonatos mundiais, sendo 19 delas ouro, superando os recordes da ginástica até então.
Nas Olimpíadas do Rio 2016, Simone Biles conquistou quatro medalhas de ouro e uma de bronze. Assim, chegou às Olimpíadas de Tóquio deste ano com grande expectativa por parte do público.
Durante os treinos, Biles começou a se sentir mal, ter medo de perder a orientação espacial durante os saltos chamados de "twists", e questionou se deveria continuar competindo. A ginasta relata não estar tão confiante em si como antes, talvez pelo fato de estar ficando mais velha. Contudo, manteve firme seu pensamento de priorizar a saúde mental e colocar como ser humano em primeiro lugar, desistindo de competir em três das quatro modalidades em que participaria.
Biles trouxe ao mundo do esporte a necessidade de reconhecê-los como seres humanos e não como máquinas, que passam por muitos elementos estressantes em sua rotina de treinamento, a qual geralmente é muito árdua e envolve pouca vida social. A pressão pelos torneios, resultados e patrocínios também é grande e não parece deixar grande margem para erros.
Biles cresceu com uma mãe dependente química no Texas e como esta não tinha condições de criar os quatro filhos, foram levados para lares temporários, onde foram adotadas por Ronald, o avô materno. Chegaram a passar fome durante a infância e passou por abusos por parte de um ex-médico da delegação americana de ginástica.
Alguns atletas relatam que o peso das expectativas tanto internas quanto externas muitas vezes é quase insuportável. Por isso, toda a comunidade se solidarizou com Simone Biles, respeitando a sua importante decisão de se priorizar primeiro.
Como priorizar a saúde mental no esporte
O psicólogo do esporte intervém junto à equipe e ao atleta para elaborar um programa de desenvolvimento junto com estes e com a comissão técnica, para desenvolver as competências psicológicas, englobando o domínio de técnicas e habilidades intrapessoais e interpessoais que favorecem a performance esportiva e a resiliência no esporte.
Além disso, é preciso ficar de olho nos quadros de Burnout, mais comuns em atletas do que gostaríamos, porque estes indivíduos estão sempre superando limites, e esse alto nível de estresse pode trazer transtornos mentais aos atletas de alta performance.
Por isso, ações pedagógicas devem ser oferecidas aos atletas desde as categorias de base, onde os aspirantes a atletas de alto rendimento têm oportunidade de ser orientados sobre suas expectativas, entender como a rotina impacta os aspectos sociais de sua vida e aprender a lidar com as frustrações. Esses são os elementos essenciais para a preparação mental necessária para encarar os sacrifícios da vida de atleta.
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Referências:
BARREIRA, C.R.A. & TELLES, T.C.B. Perspectivas em Psicologia do Esporte e saúde mental sob a pandemia do covid-19. Psicol. cienc. prof. 2020;40.
OLIVEIRA, E.N. et al. Benefícios da atividade física para saúde mental. Saúde Coletiva. 2011;08(50).
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