Embora a sociedade tenha caminhado bastante, muitas pessoas ainda se encontram expostas a traumas, como os abusos sexuais, a violência doméstica, a exposição ao uso de drogas e de violências outras. A maioria das pessoas que passa por um evento traumático passa a responder a tudo o que lembra o trauma com esquiva e a partir de uma posição defensiva, mas acaba não desenvolvendo nenhum transtorno. No entanto, nem todas as pessoas conseguem reagir ao trauma passado e acabam desenvolvendo o transtorno de estresse pós-traumático.
O que é transtorno de estresse pós-traumático?
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma perturbação mental que se desenvolve como resposta à exposição a um evento traumático, como agressão sexual, traumas de infância, guerras, acidentes de viação ou outro tipo de ameaça a vida da pessoa.
Atinge cerca de 6,8% dos adultos, principalmente em zonas de conflito armado. A condição é mais comum em mulheres, e veio se intensificando com as situações de guerras mundiais, sendo conhecido como “neurose de combate”. O termo transtorno de estresse pós-traumático foi criado em 1970, quando veteranos da Guerra do Vietnã começaram a apresentar sinais do transtorno.
O TEPT trata-se de uma reação aguda ao estresse de ter sido exposto a um evento traumático. Na fase inicial aguda do impacto, o indivíduo pode experimentar dor, medo e terror, e podem aparecer elementos dissociativos. Na fase aguda, há a tendência de paralisação e entorpecimento, embotamento emocional ou descrença. As memórias são agravadas quando estímulos visuais contribuem para a reexperiência do trauma.
Sintomas
Os sintomas mais comuns são pensamentos, sentimentos ou sonhos perturbadores relacionados ao evento traumático, estresse físico ou psicológico diante da exposição a indícios ou recordações do trauma, revivido através desses sonhos, memórias ou alucinações. O indivíduo geralmente faz um esforço para evitar situações que se relacionam com o trauma, alterando sua forma de pensar e sentir, e aumentando a reação de luta ou fuga. Esses sintomas precisam estar presentes por mais de um mês após o evento traumático.
Os sintomas característicos de TEPT são:
1. Reexperiência do trauma: por meio de pensamentos recorrentes e intrusivos em relação a lembranças do trauma, flashbacks e pesadelos;
2. Esquiva e isolamento social: tendência a fugir de situações, contatos e atividades que possam reativar memórias dolorosas em relação ao trauma;
3. Hiperexcitabilidade psíquica e psicomotora: presença de taquicardia, sudorese, tonturas, dor de cabeça, distúrbios do sono, dificuldades de concentração, irritabilidade e hipervigilância.
Diagnóstico
De acordo com o Manual de Diagnósticos e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o diagnóstico do TEPT pode ser feito através da observação dos seguintes critérios:
a. Existência de um evento traumático claramente reconhecível ou atentado à integridade física, própria ou alheia, experimentado direta ou indiretamente pela pessoa afetada, e que lhe provoque terror, angústia ou horror.
b. Reexperimentação persistente do evento através de pensamentos recorrentes, flashbacks (vivenciados como se fosse um retorno ao evento estressor);
c. Insensibilidade afetiva demonstrada na diminuição expressiva de ter interesse em realizar atividades comuns ou significativas;
d. Diminuição da afetividade;
e. Sensação de distanciamento em relação às outras pessoas;
f. Pessimismo em relação ao próprio futuro;
g. Dificuldade para concentrar-se;
h. Susto exagerado;
i. Irritabilidade e outros sintomas.
Eventos traumáticos
Podemos dizer que eventos traumáticos podem ser classificados em:
- Eventos intencionais provocados pelo homem;
- Eventos não-intencionais provocados pelo homem;
- Eventos provocados pela natureza.
As experiências traumáticas armazenadas na memória consciente, emocional e motora, geram um padrão de estimulação da memória, assim, o indivíduo desenvolve certa vulnerabilidade para falsas associações entre acontecimentos gerais e não ameaçadores aos do evento traumático.
A capacidade do sujeito de adaptação ao evento traumático requer e depende do processamento e integração do ocorrido nos esquemas cognitivos pré-existentes no repertório do sujeito e subsequente desenvolvimento de novos esquemas. Com isso, esquemas geradores da ansiedade e esquiva seriam resultados da incapacidade do sujeito em processar a informação adequadamente, como se não conseguisse fazer a “digestão mental” do trauma.
Flashbacks
Um dos sintomas mais característicos do TEPT são os flashbacks, que seriam episódios em que a pessoa sente como se estivesse revivendo o trauma novamente, o que pode aparecer diariamente e leva, inclusive, ao temor de dormir. É como se o indivíduo fosse “transportado” até a situação traumática, revivendo-a como se estivesse acontecendo naquele momento.
Alucinações visuais ou auditivas podem ocorrer durante esse período, demonstrando a natureza dissociativa do fenômeno, ou seja, o indivíduo pode achar que está novamente naquela situação, quando não está.
Alguns indivíduos podem descrever a experiência traumática vivida com detalhes, enquanto outros têm uma visão distorcida ou irreal como em um sonho.
O medo também pode deixar os indivíduos com TEPT com a sensação de que o trauma está para ocorrer ou está ocorrendo novamente, com a perda relativa entre o que é presente e o que é passado.
Hipnose e estresse pós-traumático
Muitas pessoas buscam diversas abordagens para saber como controlar o estresse gerado por um trauma, no entanto, sem sucesso. Existem muitas formas através das quais a hipnose pode contribuir com o alívio ou mesmo cessação dos sintomas do estresse pós-traumático. É possível dar sugestões para que o paciente relembre os fatos ocorridos, já que em alguns casos a vítima também pode desenvolver amnésia sobre o evento. Como o inconsciente guarda as memórias emocionais, busca-se encontrar as memórias emocionais traumáticas para que o próprio paciente possa ressignificar o que vivenciou e ir, aos poucos, perdendo o medo de situações similares ou que lembrem o trauma.
Entre as técnicas disponíveis, um exemplo é conduzir o paciente ao registro traumático, para remover a carga emocional registrada em relação àquele evento, e desassociar o trauma ao evento traumático.
Outra forma de aplicar a hipnose em benefício do paciente com TEPT é sugerir ao paciente que busque em suas próprias memórias e experiências, novas formas de reformular os pensamentos sobre o trauma, não para modificar o que foi vivido, mas para dar outras respostas ao medo, dor e sofrimento.
E você, tem mais curiosidade para saber como a hipnose pode contribuir com a superação de traumas? Aprenda Hipnose Clínica sem sair de casa!
Terapeuta e hipnólogo, você busca uma ferramenta para potencializar os resultados com seus pacientes e, assim, gerar mais satisfação? Deseja ressignificar fobias e traumas? Quer utilizar os recursos da mente a seu favor? Faça nosso curso de hipnose online!
Referências:
SBARDELLOTO, G. Transtorno de estresse pós-traumático: evolução dos critérios diagnósticos e prevalência. Psico-USF. 2011;16(1).
WALDO, J.S. et al. Transtorno de estresse pós-traumático: formulação diagnóstica e questões sobre comorbidade. Rev. Bras. Psiquiatr. 2001;23(4).
Conheça mais:
Gostou de nosso post? Compartilhe: