Estar sempre buscando a perfeição pode nos afastar de quem realmente somos e da autovalorização. Você tem coragem de ser imperfeito? Vem com a gente experimentar se autoaceitar!
A autora
Brené Brown é doutora em serviço social e pesquisadora premiada da Universidade de Houston, nos Estados Unidos. Escritora do livro “A coragem de ser imperfeito”, Brené traz os benefícios de se viver a vulnerabilidade, evitada por muitas pessoas por medo e vergonha.
A cultura de não ser bom o bastante
Segundo Brené, o mundo está cada vez mais narcisista e a sociedade cada vez mais egoísta. Assim, a primeira tendência que temos é de tentar “curar” quem age desta forma colocando a pessoa em seu “devido lugar”. No entanto, o narcisismo, quando olhado sob a lente da vulnerabilidade, não é mais do que o medo de nunca se sentir bom o bastante, notado, amado ou aceito, o que leva a escassez psicológica, ou seja, a sensação de nunca ser ou ter o suficiente. A escassez é baseada em uma visão de perfeição inatingível, frequentemente propagada pela mídia, por isso nos comparamos constantemente com pessoas próximas de nós, sentimos vergonha e desmotivação.
No outro lado da escassez está a plenitude ou o suficiente, que é em essência a vulnerabilidade, o que quer dizer que quando enfrentamos a exposição, a incerteza e os riscos emocionais nos sentimos mais vulneráveis.
Mitos da vulnerabilidade
Existem alguns mitos acerca da vulnerabilidade trazidos pela autora em seu livro. Veja cada um deles abaixo:
- Vulnerabilidade é fraqueza: é o mito mais aceito e conhecido pela sociedade, além de ser o mais perigoso, pois a vulnerabilidade não é bom nem ruim, ela é o centro de todas as sensações e emoções. Acreditar que a vulnerabilidade é uma fraqueza é o mesmo que acreditar que todos os sentimentos são fraquezas. Essa rejeição da vulnerabilidade se dá porque associamos esta a sentimentos ruins como decepção, tristeza, medo e vergonha. No entanto, a vulnerabilidade é o berço das experiências e emoções de que tanto deseja. Quando se está vulnerável, o amor surge, bem como a aceitação, a alegria, empatia e coragem.
- Vulnerabilidade não é comigo: ainda que o indivíduo tente se isolar do mundo e abra mão dos relacionamentos, ainda assim estará sujeito à vulnerabilidade, pois esta não é uma opção. A única escolha que você tem é de como vai reagir assim que for confrontado com a exposição emocional e a incerteza.
- Vulnerabilidade é expor toda a minha vida: a vulnerabilidade é fundamentada na reciprocidade e exige limites e confiança para compartilhar suas experiências e sentimentos com pessoas que conquistaram o direito de conhecê-los.
- Eu me garanto sozinho: se garantir sozinho é algo muito valorizado em nossa sociedade atual, mas a jornada da vulnerabilidade não deve ser percorrida sem companhia nenhuma. Todos precisamos de apoio para ter a coragem de enfrentar a vulnerabilidade, encorajando as pessoas que estão próximas a você a também conquistarem maior resiliência durante esse processo.
O que fazer com a vergonha?
A vergonha é um sentimento pelo qual todos passamos e frequentemente temos medo de falar sobre ela. As pessoas que não são prisioneiras da vergonha geralmente tendem a ser mais comprometidas, ousadas, criativas e dispostas a tentar de novo até funcionar.
Dessa forma, a vergonha pode ser um sentimento extremamente doloroso e pode levar a acreditar que a pessoa é defeituosa e, por isso, indigna de aceitação e amor. No entanto, existe uma diferença entre vergonha e culpa. A culpa é quando você diz que fez algo ruim, já a vergonha é quando você fala que você é ruim.
Quando se tem vergonha, há uma maior tendência de se proteger, apontando um culpado para tentar justificar o erro, mas é quando você se desculpa por algo ou repara um erro, a culpa, e não a vergonha, é geralmente a força que impulsiona a mudança do comportamento.
Resiliência e vergonha
Para lidar com a vergonha é preciso resiliência, ou seja, a capacidade de se recuperar rapidamente de uma adversidade ou de se adaptar a uma mudança. Ela tem a ver com sair de um estado de sentimento de vergonha para o afeto da empatia. Quando se compartilha uma história pessoal com alguém que é compreensivo e se solidariza, a vergonha perde a força e a autoaceitação cresce.
Existem quatro elementos para ter resiliência frente à vergonha. Primeiro é preciso reconhecer a vergonha e compreender seus mecanismos, praticar a consciência crítica, ser acessível e falar a respeito da vergonha. Assim, é possível praticar a coragem e se manter acessível compartilhando a sua experiência com alguém que ganhou o direito de ouvi-la, já que a vergonha é alimentada pelo segredo. Não revelar um acontecimento traumático pode ser mais nocivo do que o próprio sentimento.
Arsenais que usamos contra a vulnerabilidade
Existem alguns arsenais dos quais nos munimos para evitar a vulnerabilidade. Veja alguns exemplos:
- Escudo da alegria como mau presságio: a felicidade nos deixa vulneráveis, assim, quando estamos felizes mas pensamos que algo pode dar errado é porque nos sentimos fragilizados. Exercitar a gratidão pode ser um antídoto para o uso da alegria como mau presságio.
- Escudo do perfeccionismo: o perfeccionismo pode ser um desvio perigoso, que não leva ao sentido da vida ou aos nossos talentos. Não é uma busca pela excelência, mas um mecanismo de defesa embasado na crença de que você poderá diminuir ou evitar a culpa ou a vergonha caso faça algo com perfeição. O perfeccionismo por si só é autodestrutivo, pois não existe nada que seja perfeito. Para se livrar dessa busca por perfeccionismo é preciso passar pela longa jornada entre “o que os outros vão pensar” para chegar no “eu sou bom o bastante”, uma jornada que começa com resiliência à vergonha, aceitação e amor próprio que pode aumentar sua qualidade de vida.
- Escudo do entorpecimento: pouquíssimas pessoas não são afetadas pelo vício em se anestesiar de alguma coisa. Essa necessidade de entorpecimento surge da combinação da vergonha, ansiedade e isolamento. É preciso aprender como realmente viver os sentimentos, ficar atento aos comportamentos entorpecentes e aprender a lidar com o desconforto das emoções difíceis.
- Escudo Viking ou vítima: a pessoa que está sempre usando o escudo de vítima, achando que está sendo passado para trás e não consegue se impor, utilizando a vitimização como uma ameaça para se manter no controle e nunca mostrar vulnerabilidade, entre outros.
Mudanças e motivação
Portanto, para que se consiga criar uma estratégia de transformação eficaz e coerente, é preciso confrontar as suas virtudes desejadas e praticadas, ou seja, como você realmente vive, sente, pensa e age, vivendo de acordo com o que prega. A distância entre as virtudes praticadas e as desejadas é conhecida como “lacuna de valores”, ou seja, a expectativa de valores que não se consegue alcançar é uma das maiores causas da desmotivação.
Dessa forma, ser imperfeito é ser real e aceitar quem realmente se é e o que se quer. Não se deixe de lado!
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Referências:
BROWN, B. A coragem de ser imperfeito. Editora Sextante. 1ª edição. 2016.
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